Mobilidade diversificada
Nelson Tucci
De forma ainda lenta, mas visível, a paisagem urbana vai mudando pouco a pouco no quesito mobilidade. Nas capitais, os novos modelos híbridos e elétricos já não são tão raros. Neste primeiro semestre do ano, por exemplo, rodaram mais caminhões e menos carros. Além do aumento de motos (só na cidade de São Paulo são quase 1,1 milhão, segundo o Detran), bicicletas e patinetes, breve deveremos ter modelos singulares classificados como “veículos recreativos”. E três importadoras já botaram a cara, ou melhor, o corpo todo no mercado associando-se à Abeifa, a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores. São elas a BRP, CFMoto e a Polaris.
O estado de São Paulo – com população superior a 45 milhões de habitantes, equivalente a toda a Argentina – vai ganhando novos contornos na mobilidade. E não só porque tem mais gente (cerca de 20% da população do país) por aqui, mas porque o poder aquisitivo também ajuda. De acordo com a Abraciclo, as vendas do primeiro semestre – divulga a Agência Brasil – totalizaram 517.154 unidades de biciclos (modelos Street, Trail e Motoneta). Um mercado crescente (na contramão da crise econômica por que passam o país e o mundo, com a pandemia), que este ano deverá movimentar R$ 10 bilhões. Já as bicicletas tradicionais, se sofisticando aqui e ali, ano a ano, são em número (de 2021) de 1,6 milhão de unidades, só na capital paulista – o que equivale dizer que existem 13 bikes para cada grupo de 100 moradores.
Neste ano o Brasil deverá produzir 2,46 milhões de automóveis (de acordo com a Anfavea, associação das montadoras). Em razão da situação econômica, agravada pela falta de componentes (entre 100 mil e 120 mil deixaram de ser produzidos no país, no primeiro semestre), os veículos devem crescer menos em vendas (projeção de 21% sobre o ano anterior), mas caminhões – leves e pesados – impulsionados pelo agronegócio e entregas das vendas online, que cresceram muito na pandemia, deverão ter aumento de 30%.
De olho em tantos números, os importadores e fabricantes de veículos recreativos já estão buscando um lugarzinho ao sol. Segundo João Henrique Oliveira, a Abeifa criou até uma nova categoria para os recreativos, somando, agora, um total de 16 marcas associadas. E justificou: “A entidade dá mais um passo importante em sua trajetória de 30 anos, depois de abrir o mercado brasileiro em 1990 para as tecnologias mais atualizadas em veículos automotores, ao design automotivo e ao balizamento de preços. Na sequência, contribuiu com a transformação de importadoras em fábricas no país e, neste momento, ao introduzir novas tecnologias em eletrificação veicular”.
Agora, com apoio da associação, os novos modelitos precisam de regulamentação federal para circular por ruas e avenidas. “A busca pela regulamentação de circulação desses veículos é um movimento natural, tendo em vista que cada vez mais nossos produtos fazem parte do cotidiano dos brasileiros, que nos questionam frequentemente sobre autorização para circulação em regiões próximas de centros urbanos. O objetivo é poder responder a todas as questões de maneira clara, seguindo o que for estabelecido”, explica Fernando Alves, Country Manager da BRP para o Brasil.
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Veículos BRP aguardam licença para circular por ruas e avenidas