Logística pede passagem
Nelson Tucci
O movimento nos portos, sobretudo estes, aeroportos e pela estrada do Mercosul (BR 116) aumentou no primeiro semestre deste ano. Por eles foram exportadas 6,3% mais commodities (café, soja, minério de ferro e carne bovina, entre outros) e, de outro lado, importados mais 11,6% – quase o dobro dos produtos vendidos ao exterior – somente em automóveis. Os dados são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Com o fluxo, a logística da Asia Shipping aumentou 40% em volume, comparada com igual período de 2023, basicamente em manufaturados chineses.
Em 2023, os vizinhos “hermanos” exportaram para o Brasil US$ 2,24 BI, sendo os campeões na modalidade. Os chineses, que acompanham atentamente os mercados mundiais, abriram o olho e vão ultrapassá-los facinho neste 2024, como parceiros comerciais automotivos do Brasil, fazendo jus à condição de maior fabricante mundial de automóveis. É certo que o Brasil continuará importando da Argentina os modelos Chevrolet Cruze, Fiat Cronos, Ford Ranger, Nissan Frontier, Toyota Hilux e os Volkswagen Amarok e Taos, mas em nível menor.
De acordo com o site Autoindústria, a Neta, que iniciará a venda de carros 100% elétricos vindos da China, no próximo mês de setembro, anunciou 75 mil itens já estocados em seu Centro de Distribuição de Peças em São Bernardo do Campo/SP. Já a BYD, tem CD em Cariacica/ ES com capacidade para mais de 370 mil peças e está em fase de expansão. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a expansão está em 20,4%, saltando de US$ 1,72 bilhão (em igual período de 2023) para US$ 2,07 bilhões. Com isto, a tendência é ver cada vez mais as marcas BYD, GWM, JAC (entre outras “novas”) rodando no país.
Com tanto movimento, a brasileira Asia Shipping movimentou 27.513 TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) nos primeiros seis meses deste ano. Para Rafael Dantas, diretor comercial da empresa, a demanda é crescente por esses veículos, que apresentam vantagens como o preço competitivo e diferenciais tecnológicos de ponta, deve continuar fomentando a alta das importações asiáticas.
“Há alguns anos, o mercado automobilístico era dominado por companhias norte-americanas e europeias, mas agora isso está mudando para o mercado chinês. E a logística de carros transportados em containers está fazendo muito sentido, por uma série de situações técnicas. Por conta disso, a gente vai continuar vendo o crescimento dessas importações da China para o Brasil em virtude das diversas vantagens que a escolha por esses automóveis tem oferecido”, destaca o executivo.
Se além dos automóveis se incluir eletroeletrônicos e painéis solares, a Asia Shipping terá número ainda mais robusto: crescimento de 50% no volume de cargas embarcadas no primeiro semestre de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Para garantir a agilidade demandada por essas operações, a empresa adquiriu recentemente parte da startup Dati, passando a oferecer uma plataforma em nuvem e baseada em Inteligência Artificial. A logística pede passagem.
Nelson Tucci é jornalista, editor de Veículos & Negócios, toda segunda-feira também em www.veiculosenegocios.blogspot.com.br