Edição 358 Novembro 2024
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Sexta, 13 De Dezembro De 2024
Editorias

Publicado na Edição 307 Agosto 2020

Quem é o verdadeiro vilão nesta história?

Quem é o verdadeiro vilão nesta história?

Filetti: “É fácil, diante da perda de vidas humanas, demonizarmos os pombos”

AS MORTES de santistas em virtude de criptococose, a chamada “doença do pombo”, causaram preocupação e devem levar à reflexão sobre quem são os verdadeiros culpados, se os pombos ou nós, humanos. Há cerca de 20 anos, incentivado pelo saudoso professor Roberto Patella, comecei pesquisa científica na Unisanta, com participação da comunidade acadêmica, analisando a crescente população de pombos em Santos, em virtude dos grãos transportados pela cidade e no porto, além do descarte irregular de comida nas praias. Desde o primeiro resultado, temos alertado para a necessidade do controle natalício da população das aves, com aplicação de anticoncepcionais e a criação de políticas públicas para o uso de pombos como instrumento turístico, e de consciência ambiental e de saúde pública da população, com fechamento de telhados e espaços de ar-condicionado, onde costumam se abrigar para descansar ou fugir da chuva.

Porém, produzimos ciência para o vento. Nesse período, a população de pombos quintuplicou em Santos e hoje temos um pombo para cada dois santistas. Se nada for feito, em mais 20 anos, teremos um pombo para cada santista.

É fácil, diante da perda de vidas humanas, demonizarmos os pombos. Mas, quem é o ser inteligente no planeta? Quem se preocupa com saúde pública? Quem produz ciência e mesmo com comprovações científicas nada faz? São os pombos ou nós?

Hoje, os seres humanos estão mudando a vida dos pombos. O convívio com o homem fez com que os pombos da Baixada Santista comam também feijão, arroz, alface, salsicha, iogurte. Até fezes humanas identificamos nas fezes dos pombos que viraram onívoros, se adaptou à região e se reproduziu muito mais. A pretensão não é culpar o Poder Público. Trata-se de um problema que estamos alertando há pelo menos sete gestões municipais e que também é de competência regional.

É humano procurar culpados após mortes. É fácil culpar os pombos, ou os políticos. Difícil é refletirmos o quanto cada um de nós contribuímos para isso.

Eduardo Ribeiro Filetti é médico universitário, pós-graduado em Saúde Pública e professor titular de Fisiologia Médica na Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília (Unisanta).

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