Edição 363 Abril 2025
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Quinta, 24 De Abril De 2025
Editorias

Publicado na Edição 362 Março 2025

Mais pombos em Santos e São Vicente

Mais pombos em Santos e São Vicente

Eduardo Ribeiro Filetti

Estudo realizado em 62 pontos em Santos e 59 pontos em São Vicente apontou aumento do número de pombos nas duas cidades em comparação com os anos anteriores. A pesquisa foi realizada pelos meus alunos do curso de Ciências Biológicas da Unisanta, no período de fevereiro a dezembro de 2024, e reuniu 517 amostras de fezes, coletadas após a alimentação das aves. A oferta de comida era feita das 6 às 8 horas da manhã, sobre um plástico de 3×6 metros.

Foi constatado no estudo que o número de aves da região aumentou, desde a última pesquisa, em razão do aumento de pessoas na rua que alimentam esses animais. Se existe abundância de alimentos e grãos na área portuária apesar dos recentes esforços do setor para combater esta prática, também temos muitos moradores em situação de rua que sempre bagunçam os lixos da região colocando alimentos nas ruas. Normalmente, essas aves se alimentam de grãos e farelos, mas, por conta da proximidade com seres humanos, se acostumaram a comer legumes, frutas, verduras e até mesmo resto de lixo, explicando o número alto de animais na região. Lembrando sempre que o derramamento de grãos no Porto é o um dos grandes responsáveis pela alimentação das aves.

Descoberta importante do estudo é a presença dos agentes Endolimax nana e Entamoeba coli, naturais do trato intestinal humano, nas fezes dos pombos, comprovando que essas aves estão se alimentando de lixo e fezes produzidas por humanos.

Outros protozoários foram encontrados: Chilomastix sp, Giardia sp e Cryptosporidium spp, comum em verduras e frutas mal lavadas; Ascaris Lumbricoides, bactéria causadora da Salmonelose; Ancylostoma duodenale, parasita comum em fezes de cães e gatos não vermifugados. Todos esses protozoários podem causar problemas em pessoas com baixa resistência, ou seja, diminuição das defesas orgânicas.

O grande risco de doença oferecido por esses animais vem das fezes secas, que podem conter fungos de difícil diagnóstico, causando doenças graves, como a Histoplasmose e a Criptococose. As fezes molhadas também podem oferecer riscos leves, como conjuntivites, otites e dermatites.

A conclusão do estudo é que é necessário diminuir a reprodução dessas aves, mas de uma forma segura, sem causar prejuízos ou sofrimentos. Algumas das soluções incluem diminuir a fonte de alimentação na área portuária, fazer pombais alvos, onde os ovos seriam trocados por artificiais, e fornecer alimentação com anticoncepcionais.

Eduardo Ribeiro Filetti é médico veterinário, professor da Unisanta, mestre em Saúde Pública, pós-graduado em clínica e cirurgia de pequenos animais, especialista em clínica e cirurgia de felinos e Fitoterapia, membro da Academia Santista de Letras e Academia de Letras e Artes da Praia Grande.

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