Admirável animal!
Cão guia: ele sabe e sente que representa os olhos do seu dono
O mais precioso amigo do ser humano que se viu privado da visão é o cão guia para cegos, afirma o médico veterinário Eduardo Ribeiro Filetti. Este admirável animal é submetido a um intenso treinamento especializado que o habilitará a conduzir seu gestor a qualquer parte livremente.
Segundo conta Filleti, que é professor universitário, mestre em Saúde Pública, especialista em clínica e cirurgia de pequenos animais e fitoterapeuta, este adestramento é feito por uma entidade não governamental formada em 1939 por um grupo de Lions, em Michigan, nos Estados Unidos, chamada Leader Dogs for the Blind, mantida exclusivamente por contribuições sem visar lucro. Na Alemanha o cão-guia é adestrado pela Cruz Vermelha, que também assume as despesas de alimentação e atendimento médico veterinário se o cego for carente e não puder assumir os custos. Todos cães da escola são doados por criadores do mundo todo, porém somente alguns passam pela primeira seleção (aproximadamente 10%) e destes talvez um ou dois serão escolhidos para o devido adestramento.
O adestramento é específico, completamente diferente do de um cão policial. Inicia-se com a obediência às ordens “sente-se”, “deite-se”, “descanse” e outras preliminares do curso primário. Em seguida passa para as tarefas mais difíceis: aprende nas ruas a observar curvas, pedestres, medidores de estacionamento e outros obstáculos – curso secundário.
Finalmente, vai enfrentar situações mais difíceis, aprende a entrar em portas giratórias, elevadores, trens e recintos barulhentos. Uma vez feita a escolha adequada, ambos, estudante e cão, passam a enfrentar viagens independentes, intenso trânsito, a encontrar ruas e lojas etc. – curso de aperfeiçoamento. Enfim, “diplomado” o cão está plenamente capacitado para conduzir um cego.
Para tornar-se cão-guia não basta ser cachorro. Embora não haja distinção de raça, pois até um vira-lata pode ser um guia, deve apresentar uma série de características que o distingue dos outros cães. Deve ter de um a dois anos, não ser grande nem pequeno demais (no mínimo 57 cm de omoplata, por causa da guia rígida em forma de U a fim do cego “sentir” a direção), ser de pelo curto, ser amigável e dócil mesmo para estranhos, obediente, tranquilo, não se deixar perturbar por coisa alguma (nem mesmo gatos), estampidos ou multidões, não ser agressivo, tímido ou nervoso, ter boa saúde, bons dentes e muito senso de responsabilidade.
O cego deve corresponder a certas exigências. Deve ser comprovadamente incapaz de ver, permitindo no máximo percepção a vultos. Deve ter boa audição, pelo menos em um dos ouvidos, ter força e movimento na mão e braço esquerdos (é deste lado que o cão sempre estará), ter condições físicas para andar rápido pelo menos duas horas por dia (é necessário para a saúde do animal). Além do atestado médico, deve apresentar um de boa conduta e estabilidade emocional (para não agradar um dia seu guia e no outro chutá-lo). Inscrevendo-se como candidato a um cão, o cego deve apresentar o atestado do seu médico, preencher um questionário e submeter os documentos a apreciação da diretoria da Leader Dogs for the Blinds.
Uma vez aprovado o candidato é notificado e deverá comunicar a data de chegada à escola. O instrutor da escola irá recepcioná-lo no ponto de desembarque e o candidato será levado para a escola onde ficará durante um mês aprendendo a conviver e a entender seu novo amigo inseparável de quatro patas.
Qualquer pessoa do mundo que seja deficiente visual pode gozar deste privilégio. O cão guia pode entrar com seu tutor em qualquer local, seja ele público ou privado, por força de lei. Quem vê um animal destes trabalhar realmente se emociona! Ele sabe e sente que representa os olhos do seu dono e o leva para onde quer que vá!
Este material nos foi gentilmente cedido por uma pessoa muito especial, chamada Sofia, que há anos trabalha incansavelmente conscientizando as pessoas com palestras e artigos publicados em várias revistas e jornais em prol de uma Campanha de Prevenção da Cegueira por acidente de trabalho.
Como se diz: “É melhor proteger os olhos do que substituí-los” e ninguém como o cão guia para cegos para representar a importância dos olhos em nossas vidas.