Tiplam reduz em 40% o impacto da chuva nas operações portuárias
Para otimizar suas atividades no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), em Cubatão, na extensão do porto de Santos, a VLI adota na unidade uma plataforma tecnológica para nowcasting (previsão do tempo de curtíssimo prazo). O objetivo é diminuir o tempo de parada dos navios no porto, garantindo um carregamento rápido e seguro, além de reduzir o risco de comprometimento da carga. Um radar meteorológico compacto Banda X implantado no Monte Serrat, em Santos, a sete quilômetros do Tiplam, monitora a chuva em tempo real e faz uma projeção de onde essa precipitação poderá estar em 10, 20 ou 30 minutos. Assim, a empresa consegue fazer um planejamento minucioso de parada dos navios.
O especialista em transformação digital da VLI, Luciano Gonçalves Pereira, explica que, antes dessa iniciativa, tudo era feito a partir da percepção humana. “O comandante olhava para o céu e, se percebesse que haveria chuva, mandava fechar o porão. Enquanto ele não tinha a certeza ou a indicação de que não ia chover mais, não autorizava a abertura do porão e, nesse período todo, ficávamos sem operar, sem carregar. Isso reduzia nossa produtividade”.
De acordo com ele, foi feita uma análise desse tempo total de chuva na região e o tempo total de paradas em função de chuva ou do risco de chuva: “Em 2017 detectamos que em 72% do tempo parado não choveu. No ano seguinte, não houve chuva em 68% do tempo sem operação. Ou seja, de 100 horas de chuva parados, teoricamente por chuva ou risco de chuva, em 70% não chovia e não operávamos apenas pelo risco”.
Pereira explica que a chuva impacta a operação independente da época do ano e não dá para confiar apenas nas previsões geradas por modelos matemáticos: “O comandante do navio é responsável pelo fechamento ou abertura do porão do navio. E se esse produto receber chuva, pode ficar queimado, mofado, fermentado ou germinado. Isso tudo causa perda e prejuízos. Pensamos então em uma solução que atendesse nossa necessidade”.
A meteorologia portuária ajudou a melhorar a produtividade no Tiplam. Conforme o especialista em transformação digital da VLI, no primeiro mês de utilização da ferramenta, a companhia conseguiu operar sete horas sob risco de chuva, ou seja, apoiada pela solução. Em dezembro de 2020, foram 188 horas de operação sob risco de chuva.
Neste ano, o tempo de operação sob risco de chuva foi de 404 horas. Em fevereiro e março de 2020 foram 173 horas de chuva efetiva com 917 horas parados e, em 2021, foram 202 horas de chuva efetiva, com 548 horas parados. Isso significa uma redução de 40% no impacto por chuva, mesmo em um ano com mais precipitação.
Todo navio que chega no porto recebe um port guide, que explica as regras do porto, normas de segurança, equipamentos de operação, entre outras informações. Agora, nele consta também que o Tiplam utiliza um radar meteorológico para definir o tempo de início e de parada das operações. Treinada, a equipe do CCO mostrou aos comandantes e inspetores de bordo como a ferramenta funcionava, os princípios básicos das previsões e os tipos de informação que ela proporciona.
Conforme Pereira, todos fazem o alerta sobre a chuva e tomam a decisão de aproveitar o tempo parado: “Nenhum navio recusou a operação baseado no uso do radar. É um benefício para a VLI e para o cliente. O principal ganho é um carregamento mais rápido, com segurança, sem impactar a qualidade do produto”.
O sistema conta ainda com detecção e projeção de chuva com base em dados do radar meteorológico; imagens de satélite para auxiliar nas análises climáticas e visualização de descargas elétricas; previsão de temperaturas para as próximas 24 horas; previsão da direção e velocidade dos ventos; e informações de altura de ondas de swell, que atrapalha a entrada e saída de navios no canal.