Programação variada e o tradicional cortejo na Mostra do Maracatu Quiloa
Refletir sobre o tempo nas culturas africana e indígena é a proposta da 20ª Mostra Cultural do Maracatu Quiloa, que acontece em Santos de hoje a domingo, 16, com muitas atrações gratuitas. Apresentando o tema Tempo/Ara Ymã, Ara Pyau!, o evento possibilitará uma imersão nas diferentes percepções do tempo, considerando sua dimensão cronológica e a importância nas culturas de matriz afro-indígena.
Além das apresentações culturais, a mostra promoverá debates e oficinas que abordam temas como combate ao racismo e valorização da ancestralidade. Abrindo a programação, que consta no calendário oficial da cidade há 10 anos, a Vivência do Teatro Popular Solano Trindade ocorrerá hoje, às 19 horas, no auditório do Sesc Santos, na Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida.
Amanhã, às 20 horas, o teatro do Sesc receberá a abertura oficial do evento com o cortejo do Maracatu Nação Kambinda, que celebra os 50 anos do Teatro Popular Solano Trindade, destacando a herança e o legado da família Trindade na cultura popular. Com cinco décadas de atuação, o Teatro Popular Solano Trindade é referência na preservação da cultura negra e popular, oferecendo oficinas de dança afro-brasileira, percussão e hip-hop, além de ensaios abertos de manifestações tradicionais como o maracatu.
Com rodas de conversa, apresentações musicais e de dança, a programação seguirá até domingo, quando acontecerá o tradicional Cortejo do Maracatu Quiloa, a partir das 16 horas, na Praça Mauá, no Centro Histórico.
A 20ª Mostra Cultural do Maracatu Quiloa conta com o patrocínio da Autoridade Portuária de Santos, Governo Federal, por meio do Ministério dos Portos e Aeroportos, e Prefeitura de Santos, através de emendas parlamentares e apoio do Sesc Santos.
Para as tradições africanas e indígenas, o tempo não é apenas uma medida linear, mas uma força viva e interconectada. Em Angola e no Congo, o Nkisi Tempo (Kitembo) representa a fluidez e a sabedoria do tempo, enquanto na tradição iorubá, o orixá Iroko simboliza a conexão com as forças naturais e o entendimento do tempo como um processo contínuo e cíclico. No Brasil, os povos indígenas, como os tupinambás e guaranis, também possuem visão profunda do tempo, relacionando-o ao respeito à natureza e à preservação cultural.
Felipe Romano, mestre e fundador do Maracatu Quiloa, destaca a importância dessa conexão ancestral: “O Quiloa sempre se preocupou em manter viva a memória de nossos ancestrais. O tempo, para nós, não é apenas um ponto no relógio, mas uma força que carrega histórias e sabedorias que precisam ser transmitidas para as próximas gerações”.
Simone Santos, rainha do Quiloa, complementa: “O tempo nos ensina a sabedoria dos nossos antepassados, mas também nos desafia a refletir sobre como estamos vivendo no presente. O Maracatu Quiloa é um espaço de resistência e celebração dessa ancestralidade, e esta mostra é uma oportunidade de olharmos para o tempo como um instrumento de transformação”.
Esta é a programação:
Hoje, Sesc Santos, 19 horas: Vivência de Teatro Popular Solano Trindade, inscrição no local, com 15 minutos de antecedência
Amanhã, Sesc Santos, 20 horas: 50 anos – Teatro Popular Solano Trindade / Maracatu Nação Kambinda, inscrição no local, com uma hora de antecedência.
Quinta-feira, Polo Escola – EE João Octávio dos Santos, Largo do São Bento, s/nº, Morro São Bento, 9 horas: Vivência de Maracatu.
Polo Municipal, Museu da Imagem e do Som de Santos (Miss), Avenida Senador Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias, 19 horas: Gira de Saberes e Práticas Alimentares no Cuidado com a Saúde, com Danielle Miranda e Anderson Lucas.
A roda de conversa abordará escolhas alimentares saudáveis e conscientes, relacionando raça, território e cultura. Os mediadores discutirão a ancestralidade e a fitoterapia, destacando o papel das plantas medicinais na alimentação, no bem-estar e na conexão com a história. Será um espaço de aprendizado e troca, valorizando a ancestralidade e a fitoterapia como aliadas para uma vida equilibrada.
Sexta-feira, Polo Escola – EE João Octávio dos Santos, 9 horas: Oficina Corpo, Movimento e Criação: Esculturas da Ancestralidade, Mediação: Thaís Lima.
A oficina conecta alunos do 6º ano ao maracatu por meio da dança dos orixás e da criação de esculturas. Uma vivência valorizada nas tradições afrodescendentes, explorando corpo, movimento e criatividade como formas de expressão. A atividade proporciona uma experiência sensorial, integrando ritmo, dança e artes manuais para aprofundar a conexão com os tambores do maracatu, o ritmo das danças e a textura dos materiais alinhados ao fazer manual, que estimulam a criatividade e aprofundam o contato com os elementos ancestrais.
Polo Municipal – Centro de Cultura Patrícia Galvão, 18 horas: DJ Vittim, 20 horas: Apresentação Encantarias do Maranhão, com ingressos gratuitos pelo site Sympla.
O show de Mestra Zezé Menezes de Yemanjá e seu filho, Henrique Menezes, apresenta músicas autorais de grandes clássicos da música tradicional.
Sábado, Polo Municipal – Centro de Cultura Patrícia Galvão, 14 horas: Ervas: Saberes Ancestrais, Mameto Matambelesá (Mãe Tânia), Kunhã Dju e Itamirim, Mediação: Vanessa Rego.
Na roda de conversa, Mameto Matambelesá (Mãe Tania), Kunhã Dju, líder espiritual indígena e Morubixaba, e a ativista Itamirim, ambas da Aldeia Tabaçu Reko Ypy, se encontram para compartilhar e entrelaçar conhecimentos sobre o poder das ervas nas práticas espirituais e de cura de suas respectivas culturas, buscando desmistificar o preconceito e realizando práticas antirracistas. Mediada por Vanessa Rego, coordenadora da Ala dos Orixás do Maracatu Quiloa, falam sobre a importância das plantas como elementos sagrados, instrumentos de conexão com os ancestrais e aliados na promoção da saúde física e espiritual.
16 horas: Baque Coletivo
18 horas: DJ Carolis
18h20: Originárias Dje&IA
18h50: DJ Carolis
20 horas: Show Sérgio Pererê (ingressos gratuitos no site Sympla).
Amadrinhado pelas raízes banto de Minas Gerais, o cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical, tem trabalho autoral reconhecido pelo diálogo entre a tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com destaque para as referências afro-latinas –, e pelo timbre peculiar de sua voz. A poesia do artista entrelaça temas cotidianos a enunciados metafísicos e elementos do sagrado de matriz africana, como o culto à ancestralidade e aos orixás. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e no Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina.
Domingo, a partir das 16 horas, Polo Mauá, DJ Akula Hampton, Aldeia Tabaçu, 20º Cortejo Maracatu Quiloa, DJ Vittim, Firma o Ponto.