Museu da Energia cria programa para transformar o não público em público
O Museu da Energia de São Paulo, nos Campos Elíseos, na capital paulista, criou programa de visitação que visa estimular visitas ao museu, em parceria com instituições e organizações do seu entorno, como escolas, entidades sociais, unidades de saúde, comunidade do entorno e coletivos. Na primeira etapa do programa foram convidadas 10 instituições para conhecer a unidade da capital paulista, uma aproximação e preparação para a nova exposição de longa duração, “Energia e Transformação”, contemplada pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, a ser realizada este ano.
Inspirado no Programa Formação de Público da unidade de Itu, implantado em 2012, o Programa de Visitação do Museu da Energia de São Paulo tem como proposta transformar o não público em público, o que significa construir, instruir e educar para provocar e criar uma vontade capaz de modificar o comportamento. “Queremos potencializar o papel do Museu da Energia de São Paulo como uma ferramenta cultural reconhecida pela comunidade do território e pelas instituições assistencialistas do entorno”, afirma a diretora executiva da Fundação, Rita Martins.
Ela explica que a iniciativa oferece experiências, aproximando o Museu da população em vulnerabilidade que frequenta e habita a região central da cidade. A proposta é apresentar as atividades do museu à comunidade, convidar esses grupos para a inauguração da nova exposição e, ao longo de 2024, participarem de visitas mediadas dentro da proposta do Programa Educativo desenvolvido pela unidade. O programa seria promovido após o lançamento da exposição, mas foi antecipado, e poderá ser conferido antes de a mostra ser inaugurada.
De acordo com a diretora, a principal contrapartida do projeto no ProAC (37/2022) são os impactos sociais no território do Museu da Energia de São Paulo, o bairro dos Campos Elíseos, marcada por questões complexas relacionadas à saúde pública, à desigualdade social e à moradia. Nas proximidades formou-se a favela do Moinho, que tem a sua origem historicamente ligada ao Museu da Energia, já que muitos dos moradores que ocupavam o casarão do Museu se deslocaram para a região do Moinho após a reintegração de posse do imóvel.
“Tendo em vista a importância do território e as potencialidades da temática das transformações urbanas, a exposição busca atrair o público e o não público do Museu, que é entendido como público em potencial, em especial a população em vulnerabilidade da região”, alega Rita. Segundo ela, o Museu da Energia de São Paulo tem trabalhado para ampliar o número de visitantes e de parcerias com instituições da região central da capital.
A nova exposição de longa duração do Museu da Energia de São Paulo, “Energia e Transformação” foi contemplada pelo ProAC na modalidade Museus e Acervos/Realização de Exposições em Instituições Museológicas. A mostra aborda temáticas da história da energia, como fontes, processos, alternativas e tendências futuras. Também contempla a história da industrialização e da urbanização da cidade de São Paulo, além de promover reflexão sobre o uso dos recursos naturais e as relações entre sociedade, energia e meio ambiente.
No piso térreo, o espaço “As memórias do casarão” apresentará os diferentes usos que o imóvel centenário que abriga o museu teve ao longo do tempo, como residência, escola e nos anos 1980, umas das primeiras ocupações de grupos em luta por moradia na capital. Nos andares superiores, a exposição inédita trará as temáticas principais do museu, abordando o uso da água e energia ao longo da história da transformação urbana da capital e da Grande São Paulo a partir do século 19 até os dias de hoje.
A exposição parte dos tempos do lampião a gás, introduzindo o visitante às transformações urbanas da capital paulista no século 19, com a implantação da iluminação pública a gás e toda a estrutura desenvolvida para sua viabilidade. Há um ambiente dedicado às transformações urbanas, sociais e culturais de São Paulo entre o final do século 19 e a primeira década do século 20, impulsionadas pela energia e o transporte elétrico.
A sequência do percurso expositivo leva à sala que vai apresentar as mudanças na paisagem de 1910 até os anos 1950, a chegada da iluminação pública, os bondes elétricos, a urbanização, industrialização e a importância da água para o desenvolvimento, com a construção das primeiras usinas de energia da região.
As grandes hidrelétricas geradoras de energia, a fonte mais importante da matriz brasileira, fazem parte da mostra com seus impactos na paisagem, fauna, flora e para as populações, que passaram por um crescimento acelerado em meados do século 20. A exposição traz ainda um espaço de reflexão para o uso da energia e da água nas cidades até os dias de hoje e aponta como esses recursos podem ser pensados nas cidades inteligentes para que seu acesso seja um direito e não um privilégio.
O final do percurso apresenta a transição entre história e ciência, destacando a pluralidade das pessoas cientistas responsáveis pelos avanços científicos, além de abordar, de forma lúdica e didática, os diferentes tipos e processos da geração, transmissão e distribuição da energia.