MPF e MPT apuram perseguição política no Porto de Santos durante a ditadura
O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) ouvirão na sexta-feira, em Santos, pesquisadores, trabalhadores e vítimas da perseguição política ocorrida no Porto de Santos durante o regime militar, a fim de estabelecer as reivindicações para a reparação dos danos decorrentes da perseguição aos trabalhadores.
O encontro, promovido pelo Comitê Popular de Santos por Memória, Verdade e Justiça, terá início às 15 horas, na sede do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (Sindipetro-LP), na Avenida Conselheiro Nébias, 248.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) é sucessora da Companhia Docas de Santos (CDS), que engendrou um sistema de forte vigilância e repressão aos empregados a partir do golpe de 1964. Segundo as investigações, a CDS arquitetou uma estrutura de monitoramento dos funcionários que se intensificou após 1966, com a criação do Departamento de Vigilância Interna (DVI) do porto. Ao assumir o comando do terminal, em 1980, a Codesp deu prosseguimento às ações repressivas, que incluíam tortura e cárcere privado.
O inquérito sobre a CDS/Codesp é um dos procedimentos que o MPF conduz a respeito da associação entre empresas e o regime militar para a perseguição política de trabalhadores. As apurações foram realizadas em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que forneceu apoio científico e metodológico. Parte dos recursos para o financiamento das atividades é oriunda do termo de ajustamento de conduta que o Ministério Público do Trabalho firmou com a Volkswagen em 2020, após investigações sobre a colaboração da montadora com a ditadura.