Edição 358 Novembro 2024
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Publicado em 24/11/2017 - 7:45 am em | 0 comentários

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Importância do diagnóstico precoce de câncer em crianças e adolescentes

Maiores serão a taxa de sobrevida

Importância do diagnóstico precoce de câncer em crianças e adolescentes

Quanto mais cedo for possível fazer o diagnóstico de câncer em crianças e adolescentes, direcionando os pacientes ao tratamento adequado, maiores serão a taxa de sobrevida, a qualidade de vida, bem como a relação efetividade/custo da doença. Esse o principal alerta do documento científico “Atuação do pediatra: epidemiologia e diagnóstico precoce do câncer pediátrico”, lançado pela Sociedade Brasileira de Pediatra (SBP), ontem, Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil.

O texto, elaborado pelo Departamento Científico de Oncologia da SBP, sob supervisão da presidente do grupo, médica Denise Bousfield, oferece orientações para ajudar os especialistas a identificar sinais de alerta que, muitas das vezes, aparecem como sintomas inespecíficos e passam despercebidos. “O raciocínio do médico deve sempre incluir a suspeita de câncer, mesmo sua ocorrência sendo relativamente rara”, explicou a coordenadora do trabalho, que já está disponível no site da SBP.

“Infelizmente, no Brasil, fundamentado nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados, sabemos que muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estadiamento avançado”, cita o documento. Para a SBP, é fundamental que o médico, no processo de atendimento, esteja atento à história clínica – baseada principalmente na queixa principal – e ao exame físico, bem como às informações da história familiar, à presença de doenças genéticas ou de doenças constitucionais, podem também auxiliar nas orientações para o diagnóstico.

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano 150 mil crianças são diagnosticadas com câncer no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que cerca de 12.600 casos sejam descobertos em 2017, com pico de incidência na faixa etária de quatro a cinco anos e um segundo pico entre 16 e 18 anos. Atualmente, devido ao controle de doenças infectocontagiosas e à diminuição da mortalidade por causas evitáveis, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença entre as crianças e adolescentes brasileiros.

De acordo com o documento, o tratamento do câncer se inicia com o diagnóstico e o estadiamento corretos. Pela complexidade implicada, os especialistas destacam que o atendimento deve ser feito em centro oncológico pediátrico, por equipe multiprofissional, de forma racional e individualizada para cada tipo histológico específico e de acordo com a extensão clínica da doença.

O documento destaca que o Brasil tem experimentado uma melhora nos indicadores de sobrevida e de cura, por conta da realização do tratamento em centros especializados, da adoção de protocolos cooperativos e da melhoria nos cuidados de suporte. “Os resultados obtidos com a utilização desses protocolos para a maioria dos tipos histológicos são similares aos de países desenvolvidos (70-80%)”. Contudo, o texto ressalta que o êxito não está calcado apenas na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente e da família.

“Neste contexto, é relevante ressaltar o papel do pediatra no seguimento clínico de seu paciente junto à equipe de oncologia pediátrica, cientificando-se do diagnóstico, do tratamento realizado e das principais complicações agudas e tardias durante e após o término do tratamento”, cita o trabalho, que salienta que a infância e a adolescência são períodos da vida sujeitos a mudanças biológicas e psicológicas, as quais podem causar impacto favorável ou desfavorável ao desenvolvimento de doenças.

“Assim, é imprescindível nas primeiras décadas de vida difundir o conhecimento sobre os efeitos dos fatores de risco na expectativa média de vida da população, além de desenvolver estratégias preventivas que envolvam diversos setores da sociedade, visando a mudança do modo de vida baseada em evidências”, complementa.

No trabalho realizado pelo DC de Oncologia, o interessado encontrará a revisão de alguns dados epidemiológicos e clínicos das principais doenças oncológicas pediátricas. Isso oferece ao pediatra e ao médico em geral mais subsídios para o diagnóstico precoce da doença, em suas diferentes manifestações.

Na lista, há dados sobre as leucemias, cuja forma aguda é a mais comum, representando cerca de 30% do total de casos de câncer em pediatria; os tumores do sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal), que representam a segunda neoplasia maligna mais frequente em pediatria e são os tumores malignos sólidos mais comuns em crianças (corresponde a cerca de 20% das neoplasias abaixo de 15 anos de idade); e os linfomas, que assumem a terceira causa de câncer em pediatria (Linfoma de Hodgkin e linfomas não-Hodgkin), correspondendo a cerca de 15% das neoplasias em pediatria.

Além deles, o texto ainda traz informações sobre o Tumor de Wilms (aproximadamente 7% das neoplasias que ocorrem nas crianças), que atinge os rins; o neuroblastoma, tumor sólido extracraniano mais comum nas crianças, sendo geralmente diagnosticado durante os dois primeiros anos de vida; o retinoblastoma, que é a neoplasia intraocular mais comum em crianças, acometendo cerca de 1 em cada 20 mil nascidos vivos; e os tumores ósseos, que são o sexto em incidência em crianças, sendo mais frequentes na adolescência, representando cerca de 8% de todas as neoplasias em crianças e adolescentes; dentre outros tipos.

Segundo a médica Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP, a participação da entidade nas atividades de celebração do Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil é fundamental para promover a visibilidade do tema e incentivar o debate e atualização da classe médica. Além disso, a data oficial é importante para alertar sobre a necessidade da ampliação de políticas públicas de atenção integral às crianças e adolescentes com câncer: “Por isso, a formatação dessa revisão contribui para aperfeiçoar as etapas de prevenção e diagnóstico dessa doença, bem como auxiliando na tomada de decisão sobre o encaminhamento terapêutico”.

A construção desse conteúdo disponibilizado aos pediatras integra um dos compromissos da atual gestão da SBP, que é o de oferecer aos membros da especialidade acesso a material atualizado sobre diferentes temas. No seu processo de elaboração, o documento “Atuação do pediatra: epidemiologia e diagnóstico precoce do câncer pediátrico” contou com a ajuda dos médicos José Henrique S. Barreto, José Carlos M. Cordoba, Luiz G. Tone, Mara A. D. Pianovski, Mariana B. Michalowski, Sidnei Epelman e Sima E. Ferman, todos membros do DC de Oncologia, além de Denise Bousfield, presidente do grupo.

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