Festividade anual movimenta uma Bahia ainda pouco conhecida
Além de Salvador e dos tradicionais destinos de Verão e de Carnaval, a Festa da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, atrai cada vez mais viajantes em busca de uma experiência que faz parte da história do Brasil. A festividade é Patrimônio Imaterial da Bahia e recebe visitantes do mundo inteiro por seu valor religioso, histórico, cultural e social, representando símbolo da fé sincrética brasileira e da luta das mulheres negras por dignidade e espaço na sociedade.
A Festa da Boa Morte é uma celebração religiosa afro-brasileira realizada anualmente, com programação entre os dias 13 e 17 de agosto, que destaca Nossa Senhora da Boa Morte e une o candomblé e o catolicismo em cinco dias de muita fé e emoção. Neste período, a cidade, que tem cerca de 29 mil habitantes, chega a receber 60 mil pessoas, duplicando sua população. O evento é organizado pela Irmandade da Boa Morte, uma confraria de mulheres negras, católicas, muitas descendentes de africanos escravizados.
A especialista em viagens NomadRoots, de Curitiba/PR, lançou uma viagem em grupo inédita com experiências desenhadas e autênticas. “Na NomadRoots buscamos fazer uma curadoria de experiências profundas e genuínas em destinos que oferecem esse tipo de experiência”, conta Adriana Lacerda, consultora e curadora das viagens em grupo da NomadRoots: “Nossas viagens em grupo apresentam temas literários e culturais. Este novo roteiro, além de um mergulho cultural, propõe ter conversas sinceras sobre viver e morrer”.
A festa tem raízes no século XIX e o nome “Boa Morte” revela o desejo de ter ao menos uma boa morte diante de tanto sofrimento, com o desejo do espírito retornar à mãe África, uma das crenças afro-brasileiras. “A Festa da Boa Morte também carrega um forte simbolismo de resistência e ancestralidade. Durante os tempos da escravidão, a irmandade funcionava como uma forma de apoio mútuo e proteção espiritual e material para mulheres negras, inclusive comprava alforrias”, acrescenta Adriana.
Durante as festividades, as ruas e igrejas de Cachoeira são tomadas por missas e procissões católicas com roupas típicas de irmandades religiosas; rituais do candomblé e shows de samba-de-roda e música afro-brasileira. “A cidade é tomada por uma atmosfera de reverência, mas também de celebração da vida e da liberdade”, destaca Adriana. Além de acompanhar as procissões, o roteiro da NomadRoots oferece uma visita a um terreiro de Candomblé, ao Rio Paraguassu e ao Convento e à Igreja Nossa Senhora do Carmo, locais tombados por sua importância cultural.
O grupo da produtora paranaense será acompanhado por Tom Almeida, fundador do movimento infinito, que articula sobre temas relacionados a finitude, e por Adriana Lacerda, anfitriã da NomadRoots na viagem e natural da Bahia.