Festival do Café de Serra Negra apresenta os cafés produzidos na região
De sexta-feira a domingo, 24 a 26, Serra Negra realiza o 3º Festival do Café, organizado pela Prefeitura, Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap) e Visite Serra Negra, como parte do Festival do Café e da Cachaça do Circuito das Águas Paulista. Com características genuínas, o café da região vem se destacando entre os cafés especiais do Brasil, principalmente por sua doçura extra, o que gera a brincadeira que já foi adoçado no pé, e tem conquistado prêmios nos principais concursos do país.
O festival visa divulgar os cafés especiais do Circuito das Águas Paulista, sua evolução nos últimos anos, ensinar o público a tomar e degustar cafés de qualidade, deixando aos poucos o café “extra forte” para dar lugar a um novo aprendizado. Pretende ainda tornar o produto reconhecido por suas características e propriedades únicas, o que tem sido tema de pesquisas científicas e deu início a um processo para obter indicação geográfica – IG do Café do Circuito das Águas Paulista.
Essa classificação é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e mostra, sobretudo, que um local ou região tem reputação por produzir um determinado produto, cuja tipicidade e notoriedade ganharam fama. A tradição, o modo de fazer e as características naturais do ambiente influenciam na qualidade final. Mais conhecida no mundo do vinho, a Indicação Geográfica (IG) é um selo que reconhece uma área de vinha determinada, dentro de um país e pela sua qualidade diferenciada, é o caso, por exemplo do “Vinho do Porto”, de Portugal, e da “Champagne”, da região de Champagne, na França. A indicação geográfica é um processo que reúne várias contribuições, sendo um reconhecimento nacional e internacional, de que aquele produto é único e possui características únicas.
O café é um dos produtos identitários de Serra Negra, ligado a história de formação da cidade, e que avança cada vez mais como produto premium. Na última década, o Circuito das Águas Paulista notadamente migrou do café de commodity para o café especial, impulsionado também pelo movimento mundial da segunda e terceira ondas do café. A decisão tem dado bons frutos e já desdobra em cafés premiados, de altíssima qualidade para o consumidor, melhor rentabilidade para os produtores, sustentabilidade para um café de montanha, com características de topografia e relevo e no desenvolvimento de produtos associados, um deles é o turismo de experiência, que incrementa a produção agrícola e valoriza ainda mais o café da região.
Quem visitar o festival vai conhecer esse universo dos cafés do Circuito das Águas Paulista, seus produtores, a maioria associados à Acecap, que foi criada em 2018 para unir esforços dos produtores em busca de mais qualidade do café e promover essa riqueza do café especial produzido na região, e por meio do festival, promover e oferecer essa experiência para conhecer o produto.
De acordo com dados da entidade, a região reúne hoje 1.800 produtores, com 7 mil hectares de plantação de café, colheita média de 192 mil sacas de 60 quilos, cuja produtividade chega a 30 sacas por hectare. O resultado vem em sua maioria de pequenas e médias propriedades, muitas vezes lideradas por mulheres cafeeiras, com até 50 hectares de produção, o que resulta em um café de produção familiar, muito bem cuidado em todas as suas etapas e com muita tradição, passada de geração em geração, alguns chegando à quinta ou sexta geração, especialmente de imigrantes italianos que se instalaram nas fazendas de café da região no século XIX. Há também uma nova onda de cafeicultores, que vieram à região atraídos pela qualidade de vida, vocação agrícola e características produtivas.
A região é apontada como ideal para o cultivo do produto, por conta do solo e altitude, melhoramento de variedades advindo das pesquisas do Instituto Agronômico (IAC), além de amplitude térmica com diferentes temperaturas (calor de dia e frio à noite) dentro de uma estabilidade equilibrada, que valoriza a maturação da fruta e resulta na principal característica do Café do Circuito da Águas Paulista, a doçura acentuada e marcante. “Diferente de qualquer região do Brasil, nosso café tem uma doçura aguçada, que se brinca por aqui que o açúcar é colocado no pé de café”, explica a presidente da Acecap, Silvia Fonte, que é proprietária do Sítio São Roque e se dedica a expansão do café orgânico entre os cafés especiais, tendência também em alta na região.
De acordo com o barista e mestre em torra, Fernando Gomes Moreira, que atua com os cafés da região há 9 anos e acompanha toda essa evolução, o Circuito das Águas Paulista tem clima e altitude favoráveis à produção de um café privilegiado, que chega ao auge de suas características com o desenvolvimento do cultivo de cafés especiais na região, com esse movimento de transição por um café de maior qualidade. De acordo com estudiosos, a soma do terroir da região e a elevação do nível do mar são fatores diferenciais e que se destacam na qualidade do café do Circuito das Águas Paulista, o que provoca nuances únicas à xícara.
Dentre outras características, o preenchimento de boca, que resulta em um café extremamente aveludado, com acidez de frutas amarelas, notas de frutas secas, nozes, caramelo e chocolate, às vezes, floral, sabores e características mais encontradas no café da região.
No festival será possível conhecer e experimentar os cafés produzidos na região, conhecer os produtores, além de diferentes preparos da bebida, venda de produtos e atrações musicais todos os dias. O evento apresenta ainda diversos produtos locais, como licores, vinhos, cervejas, chocolates, quitutes, guloseimas, bolos, doces, lanches, entre outros.