Exposição apresenta arte produzida por presos políticos na ditadura
O Centro MariAntonia da USP inaugura, em 27 de abril, às 19 horas, a exposição Imagem-Testemunho: experiências artísticas de presos políticos na ditadura civil-militar. Realizada em parceria com o Memorial da Resistência, a mostra inclui desenhos, pinturas, colagens e gravuras realizadas por 12 presos políticos durante os anos 70 em presídios de São Paulo.
Estas imagens-testemunhos, reunidas durante anos pelos ex-presos políticos Alípio Freire e Rita Sipahi, integram, desde 2023, o acervo do Memorial da Resistência de São Paulo, que conta atualmente com mais de 300 obras.
Integrantes da mostra: Aldo Arantes, Alípio Freire, Ângela Rocha, Artur Scavone, Carlos Takaoka, José Wilson, Manoel Cyrillo, Regis Andrade, Sérgio Ferro, Sérgio Sister, Rita Sipahi e Yoshiya Takaoka. Depoimentos que integram o acervo do Núcleo do Museu da Pessoa MariAntonia: Aldo Arantes, Ângela Rocha, Artur Scavone, Manoel Cyrillo, Rita Sipahi, Sérgio Ferro e Sérgio Sister.
A exposição permanecerá até 10 de dezembro, no Centro MariAntonia, Edifício Joaquim Nabuco, Rua Maria Antônia, 258, Vila Buarque, capital paulista, próximo às estações Higienópolis e Santa Cecília do metrô. A entrada é gratuita com visitação de terça-feira a domingo, e feriados, das 10 às 18 horas.
Completando 30 anos em 27 de maio de 1993, e tendo como vocação a resistência democrática, a defesa dos direitos humanos e a memória política, o MariAntonia soma a mostra às suas comemorações, ao reunir um conjunto expressivo de obras que falam do cotidiano na prisão, da violência de Estado, das lutas, sentimentos e posições dos presos políticos. O diretor do Centro MariAntonia, José Lira, salienta que em um momento no qual a democracia vê-se novamente ameaçada “é imprescindível retornarmos ao testemunho dos que ousaram se levantar contra a tirania. Pois sua voz, seu olhar, suas mãos, seus corpos, muitas vezes fustigados pelo aparato repressivo do regime, guardam tesouros da memória e da imaginação sociais”.
Com curadoria da pesquisadora e crítica de arte, Priscila Arantes, a mostra traz produções criadas em diferentes presídios da cidade de São Paulo – Tiradentes, Carandiru, Penitenciária Feminina, Hipódromo, Presídio Militar Romão Gomes (Barro Branco) – e algumas vezes dentro do próprio Departamento de Ordem Política e Social (DOPS). Arantes explica que “esses registros são construídos durante uma experiência de violência política e a resistência no espaço prisional, pontuando o valor desta produção enquanto testemunho e fonte histórica dos duros anos de ditadura no país”.
Os 41 trabalhos, elaborados com materiais encontrados dentro do espaço prisional ou trazidos por parentes e amigos para seu interior, constituem um conjunto de experiências de presos de diferentes organizações políticas, alguns deles artistas antes de serem presos, outros que só tiveram esta experiência durante o período de confinamento. Além do conjunto de obras artísticas, a exposição inclui 16 outros documentos, sete depoimentos em vídeos especialmente produzidos para a mostra e um conjunto de atividades culturais e educativas a ela relacionadas.