Expedição da WWF-Brasil ajuda a conservar o arquipélago de Alcatrazes
O coral sol, assim batizado por causa de sua cor, é uma espécie predadora no Oceano Atlântico e compromete a vida de outros corais nativos, peixes e animais que vivem na costa nacional. Em janeiro, a WWF-Brasil realizou expedição na região do arquipélago de Alcatrazes, a 43 km da cidade de São Sebastião, no litoral Norte do Estado de São Paulo, e durante cinco dias retirou do fundo do mar 20 mil colônias da espécie.
Quem se depara com o coral sol embaixo da água fica maravilhado com sua beleza, mas poucos sabem que ele é uma praga que contamina o litoral do Brasil e ameaça a biodiversidade das regiões onde se instala.
Alcatrazes é um cenário rochoso que encanta. O abrigo da maior biomassa da costa brasileira sofre a ameaça silenciosa. O coral sol invade cada vez mais a Amazônia Azul, levando os pesquisadores da região à realização de uma série de expedições desde 2013 para retirada do coral.
A expedição de janeiro da WWF-Brasil teve a participação de 20 pessoas, entre voluntários e funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A importância de proteger o arquipélago é tanta que, durante a expedição foram autuados dois barcos fazendo uso irregular da Unidade de Conservação. Ou seja, além de auxiliar a biodiversidade de toda a região, obtendo maior controle de espécies invasoras como o coral sol, a expedição ajuda na fiscalização do espaço. Para isso, o Núcleo de Gestão Integrada ICMBio Alcatrazes (NGI Alcatrazes) conta com o apoio de voluntários, que ajudam a disseminar a importância da conservação desses ambientes.
As espécies que vem surgindo em Alcatrazes são do tipo Tubastraea tagusensis, de origem equatorial, e Tubastraea coccinea, vinda do Indo-Pacífico. Ambas têm alto poder danoso ao meio ambiente, já que roubam o espaço e os subsídios de outros corais, dificultando a vida de diferentes tipos de espécies marinhas. O mal é causado porque as espécies estrangeiras são mais competitivas que as nativas, conseguindo alastrar-se com mais facilidade no ambiente. Assim, a expedição busca retirar o coral sol do oceano para que as espécies locais ganhem tempo para se adaptar com a invasora.
Em um dos cenários mais paradisíacos do Brasil, onde a pesca é proibida e um dos poucos usos públicos a ser permitido é o turismo de mergulho, está oNGI Alcatrazes, dividido entre a Estação Ecológica Tupinambás e o Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes. Ambos prezam pela conservação da biodiversidade do arquipélago por meio de diferentes objetivos. A Estação Ecológica é uma área de abrigo, reprodução e alimentação da biodiversidade marinha local, permitindo a realização controlada de visitas apenas com objetivos educacionais e pesquisa científica. Em suas águas, que totalizam cerca de 3 mil hectares, é possível encontrar espécies ameaçadas de extinção, como a toninha e a raia-viola. Já no Refúgio, estão protegidas as espécies marinhas ameaçadas e migratórias, como as aves marinhas do arquipélago. São ao todo 91 espécies, sendo 12 ameaçadas de extinção. Juntas as áreas, por não permitirem pesca, possibilitam que muitas espécies comerciais de peixe sobrevivam e repovoem seu entorno, garantindo a subsistência de muitas comunidades de pescadores artesanais.
O WWF-Brasil atua no Arquipélago de Alcatrazes em parceria com o ICMBio por meio do Programa Marinho. Entre nossas responsabilidades está o apoio à gestão das Unidades de Conservação que compõem o NGI Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo, por meio de atividades voltadas para a conservação da biodiversidade, para a comunicação e o engajamento da sociedade e para o fortalecimento das UCs marinhas e costeiras.
O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza, com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. Criado em 1996, o WWF-Brasil desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede mundial independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.