Encontro no Museu das Culturas Indígenas debate Mata Atlântica
O Museu das Culturas Indígenas (MCI) realiza amanhã, às 18h30, a mesa “Perspectivas desde a Mata Atlântica”, do seminário Patrimônio Cultural Indígena em Debate. O MCI está localizado na Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca, capital paulista. É uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari (ACAM Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.
Em diálogo com as exposições em cartaz no MCI (“Nhe’ẽry: onde os espíritos se banham” e “Mymba’i: pedindo licença aos espíritos, dialogando com a Mata Atlântica”), o encontro propõe um debate sobre os desafios para a preservação dos territórios tradicionais na Mata Atlântica e como a legislação afeta as vidas ligadas à floresta. O encontro gratuito é realizado em parceria com a Escola da Cidade e o apoio do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo (CPC-USP | Casa de Dona Yayá).
A mediação é de Laura Pappalardo, ao lado dos articuladores e ativistas Sonia Ara Mirim, curadora da exposição Nhe’ẽry: onde os espíritos se banham; Tania Knapp, arquiteta paisagista; Zélia Morato Pupo dos Santos e Mauricio Pereira Pupo, lideranças do Quilombo André Lopes, em Eldorado/SP.
Segundo dados do Atlas da Mata Atlântica, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica, uma realidade preocupante acontece no bioma: entre outubro de 2021 e 2022, mais de 20 mil hectares da floresta foram derrubados, número equivalente a um Parque Ibirapuera desmatado a cada três dias.
Minas Gerais lidera o desmatamento, seguido pela Bahia, Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. Esses cinco estados concentram 91% do desmatamento da Mata Atlântica. A importância da preservação é mostrada no estudo: apenas 0,9% das perdas se deram em áreas protegidas, enquanto 73% ocorreram em terras privadas.
Diante do cenário de destruição, governadores do sul e sudeste assinaram em outubro deste ano o Tratado da Mata Atlântica, um conjunto de metas ambientais que prevê “a conservação e a utilização racional dos recursos naturais do bioma Mata Atlântica”. Um dos compromissos do documento é o plantio de 100 milhões de espécies nativas do bioma até 2026.
EXPOSIÇÕES – A atmosfera e a riqueza das espécies da Mata Atlântica são apresentadas nas exposições em cartaz: Nhe’ẽ ry e Mymba’i. Pinturas, instalações, sons e depoimentos a partir da perspectiva indígena mostram a importância do bioma para o planeta.
Nhe’ẽ ry – onde os espíritos se banham exibe em viveiros mais de 60 espécies nativas da Mata Atlântica. No centro da exposição, a instalação Pedra que Canta reproduz cantos e rezas de diferentes povos. Já a Caverna dos Sonhos exibe projeções de folhas, raízes, vagalumes, acompanhadas de sons do pássaro urutau, de grilos, do sapo tambor, da cigarra, do vento e até do esturro de uma onça.
Para completar o percurso são exibidos depoimentos dos guardiões da floresta das etnias Guarani Mbya e Tupi, Maxakali, Krenak e Pataxó.
Em Mymba’i – pedindo licença aos espíritos, o público conhece animais em risco de extinção que vivem na Mata Atlântica. Pinturas produzidas por cinco indígenas mesclam a destruição do bioma e as espécies que mais sofrem com o desmatamento. Ao centro, o jogo Ninmangwá Djagwareté (em português “Brincadeira da onça”), convida o visitante a capturar a onça-pintada com os cachorros.