Copo meio cheio
Nelson Tucci
A taxa Selic caiu mais um ponto, as exportações estão firmes e a indústria já reverte tendências de queda e estagnação. Isto sem falar no comércio que recupera parte da confiança do consumidor. A Bolsa de Valores reage bem e o céu parece mais azul que semanas atrás. É fato, também, que ainda existem setores da economia em compasso de espera e que a situação política requer doses de cautela, pois os solavancos permanecem.
Em meio a este cenário de reversão de tendências angustiantes com as quais convivemos nos últimos 28, 30 meses, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) decidiu, na semana que passou, refazer projeções de desempenho para este ano. E para cima.
A expectativa atual é que o total de autoveículos comercializados neste ano atinja 2,2 milhões de unidades, com cerca de 70 mil acima da previsão do começo do ano, que era de 2,13. Isto significa um aumento de 7,3% sobre as 2,05 milhões de unidades de 2016. Conforme tendência antecipada por Antonio Megale, presidente da Anfavea, na coletiva de imprensa do início de agosto, os veículos leves foram alterados para cima, saindo de um aumento de 4,0% para 7,4%, enquanto os pesados para baixo, caindo de 6,4% para 3,6%.
As exportações, mesmo após a revisão de julho, mantiveram ritmo forte e foram novamente alteradas: a nova perspectiva é de exportar 745 mil autoveículos, que confirmaria o melhor ano da história para a indústria automobilística neste quesito. Com o resultado de vendas e de exportação, o desempenho da produção foi consequentemente revisado também: o crescimento esperado para 2017 ante 2016 agora é de 25,2%. Este desempenho aponta um total de 2,70 milhões de unidades produzidas neste ano.
Para Megale, “as novas previsões da Anfavea demonstram que a indústria caminha para um cenário de retomada, mesmo se considerarmos que a base de comparação de 2016 é muito baixa. O que precisamos agora é de estabilidade no quadro econômico para que consumidores e investidores aumentem a confiança e o País como um todo entre em uma rota de aceleração da atividade econômica”. Os dados de vendas internas e exportação de máquinas autopropulsadas também foram revisados, com respectivos aumentos de 6,9% e 34,6%. Agora é torcer – e trabalhar! – para que o copo meio cheio esteja completo até o final do ano.
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