Edição 357 Outubro 2024
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Segunda, 04 De Novembro De 2024
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Publicado em 1/12/2016 - 7:08 pm em | 0 comentários

Sandra Netto

Construção registra quedas consecutivas nos últimos dois anos na região

Perspectiva de retomada dos negócios em 2017: 0,5%

Construção registra quedas consecutivas nos últimos dois anos na região

A Baixada Santista registrou o 24º mês de queda nos indicadores econômicos da construção civil, revelou estudo do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo, SindusCon-SP. Entre as nove regionais do sindicato, Santos foi a que registrou maior declínio e ocupa o último lugar no mercado paulista, com participação de 2,98%.

Segundo o SindusCon-SP, a queda do número de unidades financiadas na região foi de cerca de 50% em relação a 2015. “Toda a expectativa do pré-sal e a vinda de milhares de trabalhadores para o litoral fizeram com que diversas construtoras de capital aberto, de outras localidades, investissem em lançamentos residenciais e comerciais aqui. Com a frustração da iniciativa de exploração de petróleo e gás na Baixada Santista ficamos com unidades em estoque, consequentemente não tivemos novos lançamentos e, com isso, o número de contratações começou a cair”, afirma o diretor da regional Santos do SindusCon-SP, Osmar Luiz Quaggio Gomes.

A estimativa inicial de especialistas do setor era de 40 mil novos trabalhadores migrarem para a Baixada. Agora, com a desobrigação da exploração da Bacia de Santos, a estimativa é de que nos próximos meses esse número chegue em torno de 1 mil pessoas. Os últimos dados compilados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o SindusCon-SP demonstram a tendência de crescimento de 0,5% dentro de um cenário base de Produto Interno Bruto (PIB) na construção civil.

“Definitivamente, o pior já passou”, sintetiza Gomes: “Redefinimos nossos perfis do mercado e já existem sinalizações de que novos projetos surgirão direcionados para habitação popular. De olho no desenvolvimento regional também existem propostas de construções para habitação para população de baixa renda, em diversas localidades, inclusive em áreas degradadas e área continental de São Vicente, por exemplo. O momento é de retomada de confiança. Estamos apostando em uma perspectiva mais positiva para 2017 e 2018″.

Emprego – A Baixada Santista hoje ocupa o topo do ranking em número de demissões, comparadas a todas as outras sete regionais e a Capital, mantendo o índice em torno de 14,57%. O índice geral do mês do mês anterior fechou em 14,48%. “Apesar de o mercado ainda estar apresentando uma ligeira queda, já vivemos o momento de curva no crescimento. Com a liberação de crédito para financiamentos, a retomada do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) começamos a ter um fôlego, com resultados que poderão ser observados timidamente no primeiro semestre de 2016 e mais concretamente em 2017”, avalia o diretor regional.

O SindusCon-SP é a maior associação de empresas do setor na América Latina. Congrega e representa 650 construtoras associadas e 22,5 mil filiadas em todo o estado. A construção paulista representa 27,5% da construção brasileira, que por sua vez equivale a 5,3% do Produto Interno Bruto do Brasil.

PIB EM -5,3% – O Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve fechar 2016 com queda de 5,30%, projeta o SindusCon-SP. A estimativa é 0,3% acima da anterior, realizada no início do ano e foi modificada após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre do PIB nacional pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é a terceira queda consecutiva do PIB da construção (-2,14% em 2014 e -6,52% em 2015), perfazendo um total de – 13,4% de 2014 a 2016.

Para 2017, o SindusCon-SP estima alta de 0,5%. Segundo o presidente do sindicato, José Romeu Ferraz Neto, a projeção de alta não se refere a uma melhoria das condições do setor, mas há uma base deprimida: “Esta é uma projeção que só vai acontecer se houver a aprovação de medidas macroeconômicas, como a PEC dos gastos, a reforma da previdência e a reforma trabalhista”.

Segundo análise do sindicato, a perspectiva para 2017 é de redução lenta da taxa de juros, mercado de trabalho e renda ainda em queda, baixa taxa de investimento e consumo das famílias fraco. “A melhora da confiança empresarial deve começar a se refletir nas decisões de investir a partir do segundo semestre”, complementa o vice-presidente de Economia, Eduardo Zaidan.

Em outubro o nível de emprego na construção caiu 1,38% na comparação com setembro, a 25ª queda consecutiva. Em 12 meses o saldo negativo é de 441 mil postos de trabalho, deixando o estoque de trabalhadores no setor em 2,641 milhões. Em outubro de 2014, primeiro mês de queda, o estoque era de 3,57 milhões.

Nos primeiros nove meses do ano houve corte de 262.092 vagas. Desconsiderando efeitos sazonais*, foram fechadas 26.510 vagas em outubro (-1,01%).

Os dados são da pesquisa realizada pelo SindusCon-SP em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), com base em informações do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE).

Segundo o presidente do SindusCon-SP, as sucessivas quedas no nível de emprego na construção demonstram que as medidas destinadas ao reequilíbrio fiscal, embora necessárias, têm que ser complementadas para estimular a economia.

“Os governos da União, dos Estados e dos Municípios precisam orientar suas gestões rapidamente para a captação de recursos privados nacionais e estrangeiros e direcioná-los para obras de infraestrutura. Novos estímulos ao crédito são necessários para ativar o mercado imobiliário. E as medidas e reformas para oxigenar o ambiente de negócios precisam conquistar a mesma prioridade conferida ao reequilíbrio das contas públicas”, diz.

A Sondagem da Construção do SindusCon-SP mostra que o empresário se mostra otimista quanto ao futuro, em especial no que tange a estímulos do governo para o setor, mudanças no segmento de mercado, crescimento no médio e longo prazo, melhoria do ambiente de negócios, entre outros itens. Todos estes itens estão acima dos 50 pontos, o que denota percepção favorável.

A escala da sondagem vai de “0” a “100”, tendo o valor “50” como centro. Isso quer dizer que valores abaixo de “50” podem ser interpretados como um desempenho, ou perspectiva, não favorável.

A perspectiva de desempenho também vem apresentando constante alta desde o fim de 2015, alcançando 37,20 pontos em novembro na comparação com o trimestre anterior. A alta contrasta com o desempenho presente, que atingiu apenas 25,68 pontos. Apesar do aumento dos dois itens que compõem a sondagem, ambos estão com uma base muito baixa.

O SindusCon-SP lançou hoje o Indicador de Atividade das Empresas da Construção Civil (Inacc), que mostra de forma mais clara o ciclo das empresas formais da construção. Realizado em parceria com a Fundação Getulio Vargas, o indicador capta a evolução da produção em termos físicos mesclando nível de emprego total nas construtoras, produção física de insumos típicos da construção e produção física de bens de capital para a construção.

O PIB setorial, principal indicador de desempenho da construção civil, abrange tanto a atividade formal quanto aquela advinda das atividades das famílias e de pequenos empreiteiros.

Em setembro o Indicador de Atividade das Empresas da Construção Civil (lnacc) registrou queda de 13,71% na comparação com o mesmo período de 2015. Já a taxa acumulada do ano é de -19,3%.

Segundo o presidente do SindusCon-SP, o Inacc mostra que o pior da queda já ocorreu, mas que ainda haverá redução das atividades da construção civil formal: “Houve uma queda menos forte por causa da base de comparação. É preciso verificar como será a evolução nos próximos meses”.

 

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