Chegam os elétricos, com força!
Nelson Tucci
Assistir ao lançamento de uma linha de carros elétricos vai mexer com a sua cabeça. Imaginar que você tem um carro de verdade e pode carregá-lo em uma prosaica tomada 220 v, à noite, enquanto dorme, é o de menos. Descobrir que tem um motor com 115 cv e torque de 27,6 kgfm, fazendo de 0-50 km em 3,9 s é muito interessante. E, depois, ver que este motor super ágil tem o tamanho de um mamão papaya seguramente vai lhe causar impacto. Essas sensações foram vividas no último dia 16, quando a JAC fez demonstração de seus novos carros para a imprensa especializada. Veiculos & Negócios estava lá e conferiu tudo de pertinho, inclusive o teste em um dos novos modelos.
“Enquanto algumas marcas têm um carro elétrico em sua linha, a JAC Motors tem uma linha de carros elétricos para você”. Essa é a frase mais marcante que compõe uma das peças da campanha publicitária que a JAC Motors prepara para a chegada de seus cinco modelos 100% elétricos no Brasil. Mas é emblemática. São três utilitários-esportivos, uma picape cabine dupla e um caminhão para 6 toneladas apresentados de uma só vez no mercado brasileiro.
Melhorar a mobilidade urbana e reduzir a emissão de poluentes, simultaneamente, é um desafio para os próximos anos. Não à toa as principais montadoras de automóveis estão lançando veículos de diferentes marcas e modelos nas ruas de todo o mundo. “Como a Europa não tem petróleo, está em processo acelerado com os elétricos, mas o Brasil e Estados Unidos irão adotá-los de uma forma mais lenta, mas que vem, vem, isso é inexorável”, disse o maior vendedos da JAC no Brasil, o empresário Sérgio Habib, que definiu a China (o berço da JAC Motors) como a “capital mundial do carro elétrico”.
Motores a propulsão 100% elétrica têm zero emissões, e por isso mostram-se como solução. “Ao conduzir um veículo elétrico, você não só reduz a poluição ambiental e o nível de ruídos nas ruas, mas também contribui para a edificação de um futuro melhor para as próximas gerações”, propaga a JAC, atualmente o quinto maior fabricante mundial de BEV (Battery Electric Vehicle) e possui 5% das vendas de todos os modelos 100% elétricos vendidos na China.
A linha iEV (Intelligent Electric Vehicle) agora lançada no Brasil, está em sua sétima geração. “Resolvemos assumir a vocação de buscar um mundo melhor e investimos seriamente em uma significativa evolução do nosso modelo de negócio. Por isso vamos lançar cinco modelos de uma só vez. Manteremos nossa linha de modelos térmicos, com motores tradicionais, embora a família de elétricos assuma o protagonismo na marca. A ideia é chacoalhar o mercado e instantaneamente dar várias opções de compras em segmentos diversificados”, explica ele, complementando que o elétrico proporciona o quilômetro rodado cinco vezes mais barato que o motor térmico (tradicional).
A bateria carregada dá autonomia de 300 km – segundo o fabricante – com variações de 10% a menos, se o ar condicionado estiver ligado. Ao tirar o pé do acelerador, por exemplo, o i-Pedal regenera a carga das baterias. Assim, as desacelerações se tornam tão eficientes que as pastilhas de freios chegam a durar mais de 100 mil km pela economia de uso no dia a dia. O funcionamento é simples: soltando o pedal do acelerador, o carro reduz gradualmente a velocidade sem que se precise aplicar o pedal de freio. De acordo com o fabricante, o/a motorista de carro elétrico logo se acostuma a andar devagar acelerando pouco, mas é preciso determinação.
Determinação? Sim, porque o torque é extraordinário e te convida a “dar um gás” na saída. Andamos no iEV 40 (mesma carroceria do SUV compacto T40) e sentimos o carro pesado. Pudera, tem 300 kg a mais que o irmão térmico, graças à bateria, daí porque o arranque compensa. O câmbio tem 3 posições (drive, neutra e ré) mas é quase figurativo, porque o motor elétrico não tem caixa de câmbio acoplada. E o silêncio é outra marca registrada, tanto que para saber se o motor está ligado você precisa olhar para o painel.
Enfim, o elétrico pode ter uma série de vantagens em relação aos modelos convencionais e aos híbridos (os quais Habib chamou de “dinossauros”). E, pasme: vai acabar aquele papo de “motor BMW”, motor isso, motor aquilo, já que elétrico é tudo igual.
De onde vai se tirar tanto lítio para construir baterias e como fazer para se gerar mais energia elétrica sem macular o meio ambiente ainda são questões pouco exploradas. Mas, voltando ao carro 100% elétrico, cabe destacar que tem um motor eficiente e de reduzido tamanho, já que não usa radiador, correias, câmara de combustão etc e tals, deixando-o do tamanho de uma mamão papaya mesmo! Com isto, seu custo de manutenção é baixíssimo. O que não é baixo é o preço. Na JAC, por exemplo, o lançamento custa o dobro do convencional. Comparando o T40 com o iEV 40, por exemplo, o preço é de R$ 75 mil e R$ 153 mil respectivamente. Em termos de custo-benefício é ideal para quem usa muito o carro, porque logo a diferença do km rodado vai se diluir. Ah, e para quem não viaja a mais de 100 km também, já que as longas distâncias e os pontos de recarga ainda têm pouquíssimo diálogo – e nem sempre no mesmo idioma.
Carregamento fácil em tomada 220 v: autonomia de 300 km