Unidos e despidos… Todos ganham!
Ricardo Beschizza e André Marques Canoilas
O título é uma mera provocação. O que queremos alertar e evidenciar – por conta do atual cenário social, econômico e político que vivemos – é a necessidade de a sociedade civil, de forma organizada e dedicada, se unir e, despida de quaisquer ideologias e vaidades, lutar pelo bem comum de nossa rua, bairro, cidade, região, estado ou país.
Infelizmente, por muitos e muitos anos, achamos que escolher nossos representantes bastava. Que era responsabilidade do poder político resolver todos os problemas, mazelas e agruras de nossa comunidade. Que o “poder do voto” era suficiente.
Não precisamos perder muito tempo explicando ou traçando paralelos históricos sobre esse modelo que não está funcionando nada bem! A cada quatro ou oito anos, projetos, ideias, obras e políticas públicas acabam sendo descontinuadas por uma série de fatores ideológicos, partidários ou até mesmo de interesses pessoais.
Uma sociedade civil organizada consegue pensar e planejar além do tempo de duração de um ou dois mandatos. Consegue pensar longe, evitando essa necessidade que muita gente tem de imprimir suas regras, ideias ou “marcas” sobre tudo aquilo que está comandando.
Em muitos lugares do mundo, esse sentimento de empoderamento e pertencimento da sociedade como mola propulsora de trabalhar o bem comum já possui raízes profundas e deliciosos frutos. É a própria sociedade que decide onde vai investir um determinado valor. Se a municipalidade vai construir esse ou aquele equipamento público, por exemplo.
Em nível nacional, existem excelentes exemplos de comunidades que se uniram visando desenvolver suas cidades ou regiões com resultados expressivos. Maringá (PR), talvez seja o “case de sucesso” mais conhecido, contudo, não é o único! Manaus, Goiânia, Curitiba também possuem seus conselhos de desenvolvimento.
Esses movimentos acabam surgindo – na grande maioria dos casos – sempre que a situação já não está tão positiva ou à beira de um colapso. É um grande alento constatar que há saída, mesmo quando o cenário é inegavelmente desfavorável!
Em nível municipal e regional, alguns movimentos começam a ganhar vulto e torcemos para que comecem a trazer bons resultados. Seja por intermédio do “Inova Baixada Santista”, que tem o envolvimento de toda a comunidade acadêmica instalada nos nove municípios, ou pelos modelos do programa “O Futuro da Minha Cidade”, incentivado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, que estão em fase embrionária em Santos e Guarujá.
A união de esforços, sem viés ideológico, baseado apenas no trabalho voluntário de pessoas que são realmente apaixonadas por suas cidades, irá quebrar muitos paradigmas, certamente. Por serem movimentos apolíticos eles têm toda a condição de colaborar com o segmento político ajudando a determinar rumos que a própria sociedade sonha e almeja para suas futuras gerações. Trabalhando sempre uma agenda positiva e propositiva que ampliem os horizontes para 20, 30 ou 50 anos, sempre validados pelas conjunturas atuais e pelos exemplos do passado. Precisamos reaprender a aprender como sermos uma sociedade civil organizada.
Fica aqui o chamamento para que cada um de nós ocupe suas reais responsabilidades nos rumos de nossa comunidade. Unidos e despidos de vaidades, orgulhos, interesses pessoais e egoísmos, todos ganham!
Ricardo Beschizza é presidente Associação dos Empresários da Construção Civil da Baixada Santista (Assecob) e André Marques Canoilas é diretor financeiro da Associação Comercial de Santos (ACS).