Retomada imobiliária “surpreendente”
O mercado imobiliário da cidade de São Paulo acompanhou o momento de retomada da macroeconomia e, depois de registrar os pontos mais baixos de seus indicadores no ano de 2016, apresentou resultados no ano passado.
“A reação do mercado imobiliário em 2017 foi surpreendente e superou as expectativas do início do ano”, afirmou Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, o Sindicato da Habitação: “A retomada dos lançamentos e da comercialização de imóveis novos na cidade de São Paulo contribui para ampliar a perspectiva de retorno do emprego na construção civil a partir do segundo semestre de 2018”.
De acordo com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), foram lançadas na cidade de São Paulo 28,7 mil unidades residenciais em 2017, volume 48,0% superior as 19,4 mil unidades lançadas em 2016. Os lançamentos quebraram a série de três anos de quedas consecutivas (2014, 2015 e 2016). No entanto, o resultado ainda não foi suficiente para alcançar a média histórica de 30 mil unidades por ano na capital paulista.
Nos lançamentos de 2017, 67% das unidades foram de 2 dormitórios, 58% possuíam área útil menor do que 45 m² e 50% tinham preço total de até R$ 240 mil. As características que predominaram foram, principalmente, de imóveis econômicos enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida.
Em 2017, a Pesquisa do Mercado Imobiliário do Secovi-SP (PMI) registrou 23,6 mil unidades residenciais novas comercializadas na cidade de São Paulo. Esse montante é 46,1% superior as 16,2 mil unidades vendidas em 2016. Assim como nos lançamentos, a comercialização quebrou uma série de três anos de queda, porém, ainda abaixo da média histórica de 27,4 mil vendas anuais.
“Os lançamentos mostraram-se bastante aderentes às vendas e as características das unidades comercializadas comprovam que 2017 foi o ano dos imóveis econômicos”, enfatiza Flavio Amary, presidente do Secovi-SP.
Apesar do sucesso dos econômicos, empreendimentos de outras faixas de valor também apresentaram bons resultados. Imóveis com preços entre R$ 7,5 mil e R$ 10 mil o metro quadrado de área útil lançados em 2017 registraram 48% de vendas, e unidades com valores acima dessa faixa (superior a R$ 10,0 mil o metro quadrado) alcançaram o melhor desempenho, com 56% comercializados.
A cidade de São Paulo terminou o ano com 22 mil unidades residências novas em oferta. A oferta final é calculada considerando a soma de imóveis ofertados no mês anterior com as unidades lançadas e a subtração das vendas líquidas (vendas menos distratos).
A Pesquisa do Secovi-SP acompanha, também, o mercado nas cidades que compõem a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), composta por 39 municípios, incluindo a Capital. Devido à importância da região, são analisadas as cidades do entorno (38 municípios) separadamente.
Em 2017, foram lançadas nas outras cidades da RMSP 7,9 mil unidades, representando uma queda de 18,8% em relação ao ano anterior. Em termos de comercialização, foram escoadas 7,8 mil unidades, com variação negativa de 13,2% na comparação com 2016.
Conforme afirmou o economista Petrucci, o ciclo de desenvolvimento dos empreendimentos imobiliários é longo e existe um intervalo entre os lançamentos e o efetivo início das obras. Some-se a este cenário o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizado em parceria com o Secovi-SP em 2016, que aponta forte demanda habitacional até o ano de 2025. Durante o período de crise (2014/2016), houve represamento desta demanda, o que explica, em parte, a retomada do mercado imobiliário em 2017.
“O aquecimento do setor imobiliário e da economia contribuiu também para a redução do volume de distratos, que caíram substancialmente no ano passado, apesar de ainda não haver consenso sobre um marco regulatório para a questão”, lembra Petrucci.
“Tomando como base as expectativas dos empresários do setor imobiliário, aliadas aos dados do Boletim Focus do Banco Central do Brasil (Bacen), é possível estimar, para este ano, crescimento nas vendas de 5% a 10%. Em relação aos lançamentos, a estimativa é que poderão ficar próximos aos números de 2017, com maior diversificação dos produtos ofertados”, disse o presidente Amary.
Ele acrescentou que para que o setor possa concretizar essa projeção e gerar mais empregos, é fundamental que a taxa de juros e a inflação continuem em patamares aceitáveis, que a calibragem da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do município de São Paulo seja concluída e aprovada, que a Reforma da Previdência caminhe no Congresso Nacional e que haja maior controle do déficit público.