Três amigos e seus olhares
Leandro Ayres
ESTE é o nome da exposição que os fotógrafos João Mantovani, Paulo Villar e Vitor Miranda, radicados na capital paulista, exibem até 13 de janeiro no Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS), no Centro de Cultura Patrícia Galvão, na Vila Mathias. Visitação gratuita das 8 às 18 horas, de segunda a sexta-feira, não abrindo nos finais de semana.
Com curadoria de Rodrigo Accioly, os autores apresentam um breve extrato de sua produção recente. Três mostras pessoais e independentes, mas que são complementares, dialogam entre si no exotismo das paisagens e na inter-relação das ações captadas, tendo como pano de fundo a África, um dos berços da civilização brasileira, e suas influências na cultura e no sincretismo religioso.
A qualidade da impressão das obras foi uma das preocupações dos autores, que recorreram a dois laboratórios para realizarem as ampliações em papel Matt Studio Enhanced 310 g/m2 Hahnemühle, com acabamento em foamboard e moldura preta.
João Mantovani apresenta “Telúrica”, que é fruto de seu encontro com a natureza nas recentes viagens. A intensidade de experiências que acabam por se revelar em grandiosas imagens de tirar o fôlego. Dentro do contexto dos três artistas, as imagens reforçam os contrastes da poluída Yaoundé com a beleza virginal dos recantos que percorreu. Em suas incursões, encontrou uma infinidade de tipos humanos e culturas, dentre as quais as ressaltadas no recorte de Paulo Villar.
Vitor Miranda intitula seu projeto “Yaoundé”, nome da capital da República de Camarões. A cidade foi visitada pelo fotógrafo que realizou um significativo recorte foto-jornalístico. Uma cidade esquecida no tempo, cuja beleza aflora dos traços das mulheres e do colorido de suas vestes, da alegria inocente das crianças, dos táxis velhos e da paixão pelo futebol. Um lugar misterioso para onde os olhos do mundo se voltam exclusivamente para a exploração de seus recursos naturais.
Segundo Miranda, as maiores dificuldades encontradas em Yaoundé foram os idiomas de uma nação que foi colônia de três países (Alemanha, França e Inglaterra). E também a corrupção em um país que é governado há mais de 35 anos por um mesmo presidente.
Com 34 anos de carreira, o fotógrafo Paulo Villar, reconhecido por trabalhos publicitários, debuta como autor na série “Caminhos de Deus: Encruzilhada”, com o frescor de um jovem artista e o rigor e a técnica de um profissional experiente. Apresenta neste trabalho um recorte de sua pesquisa fotográfica que realiza desde 2012 sobre as religiões e seus rituais, captadas em centros de umbanda e candomblé em território nacional, revelando o exotismo do transe e a beleza das danças nestas importantes manifestações da influência africana no Brasil.