Votos em negros importam
Luiz Carlos Ferraz
Embora ainda se tenha muito, mas muito a construir, merece comemoração o avanço da luta contra o racismo no planeta em novembro, marcada internacionalmente pela eleição de Kamala Harris (de ascendência negra e indiana) como vice-presidente dos Estados Unidos. Uma mulher inteligente, carismática e cheia de bossa. Por estas plagas, constata-se o crescimento de prefeitos e vereadores negros eleitos no primeiro turno das eleições do último dia 15. Aliás, por si só, o mês é emblemático, já que no dia 20 é comemorada a data nacional da Consciência Negra. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos mais de 5,4 mil prefeitos eleitos, cerca de 1,7 mil são pretos ou pardos, o que corresponde a 32% do total e supera os 29% dos escolhidos no pleito de 2016. Já nas Câmaras das capitais, 44% das cadeiras serão ocupadas por pessoas negras. A bem da verdade, o aumento ainda revela uma sub-representação do negro na política, considerando que o grupo equivale a 56% da população brasileira. Os extremos, contudo, merecem reflexão, pois enquanto a Câmara de Palmas, a capital do Tocantins, terá 95% de vereadores que se declararam negros, Florianópolis, em Santa Catarina, não elegeu um único candidato da etnia. É óbvio que, independentemente da tonalidade da pele, queremos crer que o avanço da luta contra o racismo é uma onda que se esparrama entre as pessoas de todas as raças, que reconhecem não só a necessidade de corrigir os erros do passado, mas de buscar a igualdade consagrada no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que estabelece que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” e que “dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.