Santuário ameaçado
Luiz Carlos Ferraz
Na esteira da balbúrdia ideológica exibida pelos políticos que conduzem o destino do povo, deve ser avaliada com cautela a defesa da exploração de petróleo na margem equatorial brasileira por setores progressistas da chamada esquerda, especialmente pela gritante semelhança com a posição do presidente norte-americano, quando incita seu país a continuar perfurando o solo em busca de petróleo, pouco se importando com ecossistemas onde pulsam a vida. No nosso caso, os riscos ambientais são extraordinários e envolvem uma extensa área que vai da costa do Rio Grande do Norte à do Amapá, incluindo a foz do Rio Amazonas, que possui potencial para a exploração de petróleo, gás natural, entre outros recursos minerais. Ao classificar de “lenga-lenga” a polêmica que se formou sobre o tema, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que defende, neste momento, que o Ibama, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, autorize a Petrobras a pesquisar as riquezas naturais existentes, até para que possa dimensioná-las. Se tais recursos serão mesmo explorados, pondera Lula, é questão a ser esmiuçada posteriormente… Afinal, embora o assunto não esteja incluído na pauta da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorrerá em novembro, no Pará, não parece crível que antes do evento o governo tome alguma decisão. É preciso confiar que somente com a coragem de estadista e disposição para enfrentar este debate de forma ampla é que o país mostrará ao mundo, sem demagogia, o planeta que queremos legar às futuras gerações.