Entre a cruz…
Luiz Carlos Ferraz
A população de rua das cidades brasileiras até poderia ter esperança nos gestores eleitos – ou em disputa de segundo turno (com raríssimas exceções, como na capital paulista!) –, de que agora terão coragem para assumir o desafio e enfrentar o problema de forma honesta e definitiva. Porém, tudo indica não passar de mais um sonho, pois não se vislumbra no perfil de grande parte dos eleitos, assim como nos candidatos desta fase, que o povo pobre que vive nas ruas terá enfim políticas públicas que lhe assegurem o digno acolhimento; e, muito mais do que isso, o encaminhamento de cada um, de acordo com suas dificuldades, a programas interdisciplinares que envolvam o atendimento à saúde, educação, segurança, trabalho, enfim, todo o rol de direitos garantidos ao cidadão pela Constituição Federal. Utopia para boa parte dos que não se sensibilizam com a miséria alheia, o risco de se repetir a escolha errada neste 27 de outubro só não é maior quando o novo, nesta ou naquela cidade, no embalo de notícias falsas e costumeiras promessas eleiçoeiras, representa ameaça ainda maior – de aprofundar o preconceito entre os que relativizam os direitos humanos, para simplesmente varrer do mapa aqueles sem qualquer recurso. Afinal, rotulados de vagabundos e preguiçosos, a solução se justificaria pela impossibilidade de resolver o problema exatamente por culpa deles próprios, que prefeririam viver em tais condições… Indigna ver o eleitor entre a cruz e a espada em face aos demagogos de plantão!