Em frente ao mar…
Nelson Tucci
País riquíssimo em recursos naturais, o Brasil tem o que o mundo mais precisa (ad aeternum): água. É tanta água (entre 12 e 13% de toda a água doce do planeta) que até uns anos atrás pensava-se que era infinita a água doce. Descobrimos, tarde, que não é. Por isso é preciso que haja a Gestão da Água, como forma de evitar desperdícios e preservar o maior número de nascentes. Nesta gestão é fundamental que exista planejamento de uso, até porque 85% da população brasileira vivem hoje em áreas urbanas, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD, 2015. Não obstante, a água é necessária para a geração de energia elétrica. Não se liga uma máquina ou se abre um simples celular se não existir energia; e culpar São Pedro pela escassez de chuvas, em um país que fomentou sua matriz energética em hidrelétricas, é simplista demais e não nos serve. O apagão de 2001 deveria ter ensinado à classe política e burocratas de plantão que era preciso trabalhar em favor do presente e de um futuro logo à frente. Passamos da fase de fazer procissão ao Padim Ciço para resolver questões terrenas que dependem de planejamento e investimento e não apenas de fé. Pensar em racionamento e/ou apagão é buscar o significado literal da música “Esquinas”, de Djavan, que diz, em seus versos: “Só eu sei / Os desertos que atravessei, ei, ei, ei / Sabe lá / O que é morrer de sede / Em frente ao mar / Sabe lá…