Consciência racista
Luiz Carlos Ferraz
Diante das ações desencadeadas de forma orquestrada pelo grupo que assumiu o poder, parece restar pouca dúvida sobre o esforço da máquina em reforçar, sem constrangimento, uma certa e odiável consciência racista no país. Tal artimanha, queremos crer, não prosperará, pois o planeta está atento aos descompassos da paródia governamental. Cumpre notar que não se trata (apenas!) de brancos x negros ou cousa que o valha, mas do racismo na acepção da palavra, que atinge mais diretamente os negros, mas que – sobejamente conhecido – abarca populações excluídas, sendo estas negras, pardas, vermelhas, amarelas e brancas também. Forjado na miscigenação… este nosso Brasil, plural, abriga homens e mulheres valorosos em sua essência – sejam estes brancos, negros e pardos ou vermelhos – dotados de discernimento e que continuarão resistindo e denunciando o perverso plano de aumentar o abismo social. Exposto de forma emblemática no anunciado bloqueio de recursos destinados a universidades e institutos federais – mal e porcamente comparado pelo ministro Abraham Weintraub, da Educação, como uma retirada de “três chocolatinhos e meio” de um total de 100 (além da comparação infantil e estúpida, a conta está errada, pois um terço de 100 seriam 33 chocolatinhos!). Reduzir os recursos em mais de 1/3 para a educação pública é atirar o país no atraso. São trevas que, em última análise, servirão de alento às escolas privadas e à ínfima parcela da população que pode arcar com os seus altos custos. Encurralar os jovens brasileiros, socialmente vulneráveis, via subtração do conhecimento é torná-los ainda mais frágeis para disputar vagas em um mercado de trabalho cada vez menor e competitivo.
Neste quadro real, que nos é apresentado pelos senhores do poder, dá para projetar o futuro imediato, com desemprego, violência e o recrudescimento deste racismo estrutural, espremendo as camadas mais pobres do país. E, depois dos estudantes, será a vez dos trabalhadores, já “contemplados” com a redução e a simplificação de 90% nas normas de Segurança no Trabalho.