Revisão de protocolos na endometriose
A Sociedade Europeia de Reprodução Assistida (Eshre) revisou os protocolos de diagnóstico e tratamento para endometriose – uma das condições mais associadas à infertilidade feminina, chegando a ser diagnosticada em mais de 30% das pacientes que não conseguem engravidar e buscam avaliação médica. Segundo o ginecologista Rodrigo Hurtado, da clínica Origen, não se sabe ainda se a endometriose é fruto de uma questão genética, imunológica, metaplásica ou correlacionada a outras doenças. O fato é que ela é hormônio dependente: sua atividade responde à produção do estrogênio, hormônio feminino mais prevalente entre a primeira menstruação e a menopausa, explicou Hurtado, que é professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Duas revisões interessantes no guia 2022 dizem respeito ao diagnóstico da endometriose: uma delas abrange dois grupos de mulheres cujas faixas etárias não eram previstas antes – meninas que ainda não menstruaram e mulheres pós-menopausa. “Essa abrangência trazida agora é interessante, pois leva o médico a ter um olhar mais ampliado do problema, que pode aparecer mais cedo do que imaginávamos e persistir pós período fértil, afinal, esta é uma doença que impacta a vida da mulher desde sempre”, diz o médico.
A segunda mudança no protocolo diz respeito ao diagnóstico e tratamento inicial: antes, se havia suspeita de endometriose, eram solicitados obrigatoriamente exames de ultrassom e sangue, e, na sequência, laparoscopia e biópsia. “Esta linha de raciocínio deixou de ser o chamado “padrão ouro”. Se a paciente tem sintomas muito significativos – dor pélvica, menstruação dolorosa e, em casos mais graves, dificuldade em engravidar, já iniciamos o tratamento imediato”.