Pacientes com epilepsia refratária
Mais de 50 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a epilepsia, uma doença neurológica cujo impacto vai muito além da sua saúde física. Trata-se de uma condição caracterizada por alterações recorrentes da função cerebral, chamadas convulsões ou crises convulsivas, que podem durar alguns segundos ou até minutos.
Segundo o neurocirurgião da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Sandro Natali, cerca de 30% a 40% dos pacientes não respondem aos medicamentos e tratamentos convencionais, comprometendo diversos aspectos da vida: “Nesses casos, chamados de epilepsia refratária, a quantidade de episódios convulsivos pode variar, chegando a ocorrer diversas vezes num mesmo dia para algumas pessoas”.
Em situações que o paciente não responde bem à melhor terapia medicamentosa ou à cirurgia, Sandro destaca que a indicação está no tratamento neuromodulatório, feito por meio da terapia VNS (Vagus Nerve Stimulation, ou em português Estimulação do Nervo Vago), um artefato que gera impulsos elétricos programáveis: “O dispositivo é implantado em um procedimento simples e rápido sob a pele na área do peito, com fios que se conectam ao nervo vago no pescoço. A partir daí, ele envia uma corrente por este nervo para o cérebro, podendo reduzir o número de convulsões ou diminuir a gravidade de uma convulsão”.
Ele explica que o VNS funciona como um reeducador do funcionamento do cérebro: “Quando o paciente diminui a quantidade de convulsões, o cérebro consegue voltar a se desenvolver”.