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Publicado na Edição 312 Janeiro 2021

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Cooperativismo impulsiona economia

Setor é responsável por significativa parte do PIB nacional

Cooperativismo impulsiona economia

Com 7 mil cooperativas atuantes no país, empregando 425 mil pessoas e atendendo 14,6 milhões de brasileiros, o cooperativismo tende a ser um dos grandes impulsionadores da economia em 2021, especialmente com os aprendizados trazidos pela pandemia. O momento auxilia o segmento a quebrar barreiras nos centros urbanos, onde sempre encontrou dificuldades de penetração em comparação com as cidades do interior.

As crises política, econômica e sanitária vividas pelo Brasil nos últimos anos são grandes responsáveis na busca por soluções coletivas. “Quanto mais as pessoas percebem que não estão encontrando serviços no mercado tradicional, mais acabam exercitando essas ferramentas coletivas”, afirma Mauri Alex de Barros Pimentel, diretor financeiro do Instituto Brasileiro de Estudos em Cooperativismo e professor convidado do ISAE Escola de Negócios: “O cooperativismo nada mais é do que um grupo de pessoas com objetivos em comum dando acesso a essas ferramentas ou serviços para outras pessoas”.

Para ilustrar seu raciocínio, Pimentel cita a apresentação feita pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no final de novembro. Nela, o dirigente destacou a importância do cooperativismo de crédito ao longo da pandemia: teve crescimento de 48,5% na carteira de crédito de pessoas jurídicas, quase o dobro do observado no setor financeiro como um todo. Campos Neto ressaltou o papel de inclusão realizado pelas cooperativas, que promovem inclusão financeira para muitas pessoas.

Estima-se que existam cerca de 400 cidades do país cuja única instituição financeira é uma cooperativa. A presença delas é a garantia de que muitas pessoas não precisem viajar para ter acesso ao dinheiro, fazendo com que mais recursos circulem pelas próprias cidades. “Quando o cooperativismo ingressa nessas regiões divide melhor a renda e gera desenvolvimento efetivo. Pesquisas da USP mostram que, nos locais onde há a presença efetiva de cooperativismo de crédito, os recursos liberados refletem no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, cita Pimentel.

O cooperativismo é responsável por significativa parte do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, visto que boa fatia do agronegócio do país se organiza desta maneira. Em 2020, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o agro cresceu em média 1,5% e para 2021, a projeção é de 1,2%. O agronegócio representou 21,4% do total do PIB em 2019.

Pesquisa realizada pelo Sebrae entre abril e julho, com mais de 6 mil entrevistados, mostrou que as cooperativas foram a salvaguarda de muitos micro e pequenos empresários. Dos cerca de 30% de respondentes que alegaram ter buscado empréstimo, apenas 11,3% deles tiveram sucesso na demanda. Segundo o estudo, instituições financeiras cooperativas emprestaram mais do que bancos privados e públicos. Em determinado momento do ano, as cooperativas concediam 31% dos recursos demandados, enquanto os bancos privados e públicos tinham, respectivamente, 12% e 9%.

“As cooperativas são muito mais efetivas na concessão de crédito. Por estarem próximas de seus cooperados, mitigam mais esse risco do que os bancos. Atualmente, porém, 90% dos pedidos vão para os bancos tradicionais”, afirma. Há tendência de que, com a maior liberação de recursos por essas instituições, elas possam ser mais procuradas. “As cooperativas crescem muito na crise. A pandemia foi uma oportunidade, já que neste momento as empresas típicas do capitalismo, que visam o lucro e o mercado de acionistas, têm mais medo do que o normal”, avalia o professor do ISAE.

Estas iniciativas e resultados concretos, assim como um investimento na divulgação do cooperativismo, tendem a auxiliar na conquista do público nos centros urbanos. “Aos poucos, essas barreiras estão sendo quebradas. No segmento crédito e saúde, há muitas cooperativas de destaque também em capitais”, complementa Pimentel.

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