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Publicado em 8/05/2020 - 2:55 pm em | 0 comentários

Divulgação/GESP

São Paulo prorroga quarentena até 31 de maio para evitar colapso na saúde

Doria: isolamento social precisa chegar a pelo menos 55%

São Paulo prorroga quarentena até 31 de maio para evitar colapso na saúde

O governador João Doria confirmou hoje que a possibilidade de flexibilização da quarentena em São Paulo está suspensa em todos os 645 municípios paulistas até 31 de maio. A prorrogação se deve ao ritmo acelerado de contágio do novo coronavírus e o aumento crítico no total de infectados e de mortes por Covid-19, com risco iminente de colapso no sistema de saúde.

“Como governador de São Paulo, eu gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio. Queremos em breve poder anunciar a retomada gradual da economia, como está previsto no Plano São Paulo”, disse Doria.

“O pior cenário é o que alia mortes e recessão. Adotar a quarentena, como fizemos aqui em São Paulo, não é uma tarefa fácil. Mas trata-se de proteger vidas no momento mais difícil e crítico da história deste país”, acrescentou o governador: “A nossa decisão de prorrogar a quarentena é a decisão pela vida”.

A aceleração acentuada da contaminação por coronavírus em São Paulo coincide com a queda sensível nos índices de isolamento social em todo o estado. A média paulista chegou a 47% ontem, muito longe da taxa considerada ideal, de 70%, e abaixo do mínimo de 55% estipulado como nova meta pelas autoridades em saúde.

A decisão foi avalizada integralmente pelos especialistas do centro de contingência do coronavírus em São Paulo. O grupo é coordenado interinamente pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, pois o médico infectologista David Uip, que já teve Covid-19 e conseguiu superar a doença, se afastou novamente da coordenação por recomendação médica.

A última reunião técnica dos 16 integrantes do Centro de Contingência do coronavírus aconteceu na terça-feira passada. A recomendação ao governo do estado pela extensão da quarentena foi unânime. Nos últimos 30 dias, o avanço da doença subiu 3.300% no interior e litoral e 770% na capital.

“Não existe nenhuma dúvida, do ponto de vista do centro de contingência, de que essas medidas têm que ser prolongadas em virtude da gravidade do momento”, afirmou Dimas. Até a tarde de quinta-feira, o estado registrava 39.928 casos confirmados de Covid-19 e 3.206 mortes.

Embora o cenário atual seja muito preocupante, um modelo matemático do centro de contingência aponta que o isolamento social em todo o estado evitou mais de 40 mil mortes desde o dia 24 de março. Porém, a alta taxa de ocupação de leitos em hospitais por Covid-19 é o principal gargalo que exige a manutenção da quarentena.

Na região metropolitana da capital, a taxa de ocupação de leitos para pacientes de coronavírus é de 89,6% em UTI e 74,9% em enfermaria, enquanto os índices estaduais ficam em 70,5% e 51,3%, respectivamente. Para que São Paulo possa sair da quarentena sem colocar o sistema de saúde em risco, os índices de ocupação hospitalar por Covid-19 precisam ficar abaixo de 60%.

Quanto maior o tempo em que a taxa de distanciamento ficar abaixo de 55%, mais longa será a necessidade de manutenção da quarentena nos 645 municípios de São Paulo. Caso as taxas subam, a flexibilização para reabertura de atividades não essenciais poderá ser adotada em junho.

Os requisitos da flexibilização vão se basear em critérios técnicos que incluem, como fatores principais, a redução sustentada dos números de novos casos de Covid-19 por 14 dias e a manutenção da ocupação dos leitos de UTI em patamar inferior a 60%. As medidas são semelhantes às adotadas por países como EUA, Alemanha, Áustria e China.

A retomada total das atividades econômicas será norteada pelo Plano São Paulo, que vem sendo construído em diálogo permanente com o setor econômico. O estado já recebeu e analisou contribuições de mais de 150 entidades e 250 empresas, que apresentaram mais de 3 mil diretrizes e propostas. As medidas vão priorizar os setores de acordo com a vulnerabilidade econômica e empregatícia. As áreas de transportes e educação receberão faseamento diferenciado.

O governador ainda anunciou a criação do Conselho Municipalista, que irá pactuar as futuras decisões de flexibilização da quarentena e retomada total da economia em São Paulo. O grupo será composto pelos 16 prefeitos de cidades sede de regiões administrativas do estado, por Doria, o vice-governador Rodrigo Garcia e os secretários de estado José Henrique Germman (Saúde), Marco Vinholi (Desenvolvimento Regional), Patrícia Ellen (Desenvolvimento Econômico) e Henrique Meirelles (Fazenda e Planejamento).

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