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Publicado em 18/05/2022 - 7:13 am em | 0 comentários

Divulgação

Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica comemora 16 anos em Ilha Comprida

Mestre Lumumba: destaque da programação

Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica comemora 16 anos em Ilha Comprida

A organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica completa 16 anos de atuação no fomento à memória, inovação cidadã e sustentabilidade no Vale do Ribeira e realiza de sexta-feira a domingo, 20 a 22, uma extensa programação cultural gratuita na pousada Namastê Portal Eco Cultural Lagamar, Boqueirão Sul, em Ilha Comprida, no litoral sul de São Paulo. As atividades incluem música ao vivo com os DJ Rica e Evelyn Cristina, fandango caiçara, apresentação do coral indígena Guarani M’Bya, da aldeia Takuari-Ty, e uma oficina com o multiartista Mestre Lumumba.

Um dos destaques da comemoração de aniversário é a participação do mestre Lumumba, conselheiro da organização e um expoente do movimento negro no Brasil. No sábado, das 15 às 18 horas, e no domingo, das 9 às 18 horas, ele vai ministrar a oficina “Cantos étnicos + Construção e toques de tambores afro-ameríndios”. Pessoas interessadas em participar da oficina podem fazer inscrição gratuita pelo e-mail contato@povosdamataatlantica.org.br É preciso informar nome completo, telefone, cidade, se pertence a comunidades indígenas ou tradicionais e se atua com projetos relacionados a conhecimentos afro-ameríndios. As vagas são limitadas.

Homenageado pelo Movimento Negro Unificado (MNU) devido a sua trajetória de luta contra o racismo, Benedito Luiz Amauro (Mestre Lumumba) é um dos detentores e mantenedores dos saberes tradicionais e ancestrais afro-ameríndios. Poeta, instrumentista, compositor e pesquisador, ele uniu sua bagagem ao ofício de fazedor de tambores e realiza oficinas para difundir, por meio de um processo educativo, os saberes envolvidos na construção e toque de instrumentos percussivos e da vivência dos ritmos e cantos conectados ao universo da cultura afro-ameríndia.

Na sexta-feira, às 20 horas, a Namastê recebe o DJ Rica Almeida. No sábado, às 14 horas, será a vez da apresentação do coral M’Borai Nhembojera, da etnia Guarani M’Bya – Tekoa Takuari-Ty. Às 18 horas, entra em cena o fandango caiçara. Mais tarde, às 22 horas, também na pousada Namastê, o aniversário terá música ao vivo com a DJ Evelyn Cristina.

O Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica possui programas de fortalecimento do turismo sustentável, difusão de memória e saberes tradicionais e laboratório de inovação cidadã. Fundador da organização, o educador Fernando Oliveira explica que o objetivo é, por meio da convivência com as comunidades, identificar suas demandas e buscar soluções criativas e inovadoras com base em tecnologias sociais e digitais.

Ao desenvolver e apoiar projetos em Cananéia, o Ponto de Cultura colaborou para uma mudança de patamar da cidade, que passou a ser uma referência cultural no Brasil e em outros países. “Já participamos de eventos internacionais, recebendo pessoas em Cananeia e enviando pessoas para outros países. Um deles foi o Mestre Zé Pereira, um dos mestres do fandango caiçara, que participou de um evento ibero-americano em Cuba. Já viajamos pelo Brasil para participar de eventos na área cultural e colaboramos para o fortalecimento de festas comunitárias. Cananéia passou a ser reconhecida como um pólo cultural”, relata Oliveira.

A liderança quilombola Nei Mandira participa há alguns anos do Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica. “O ponto de Cultura sempre insere a comunidade nos eventos organizados, a intervenção na comunidade do Mandira é relacionada à participação em eventos, à realização de oficinas e parcerias na divulgação cultural”, afirma. Para ele, a organização é um símbolo de resistência cultural: “Hoje, o país está em uma situação em que as comunidades tradicionais ou pequenos grupos que manifestam algum tipo de cultura dos nossos antepassados possuem muita dificuldade para mantê-la e perder isso é muito rápido. Acho que é necessário ter uma organização que brigue por isso e busque meios de manter a cultura viva”.

Cleuza da Silva é parteira, mestra fandangueira e responsável pelo Grupo de Fandango Vida Feliz. Nascida em Cananéia, ela conheceu o fandango caiçara – considerado patrimônio cultural brasileiro – na infância e hoje é uma líder respeitada da cultura popular da região. Para ela, a parceria com o Ponto de Cultura funciona como um grande vetor na divulgação do fandango caiçara de Cananéia. “A parceria com o Ponto de Cultura é muito importante para nós porque a gente se realiza através da cultura”, ressalta. Abílio Wera, liderança indígena da etnia Guarani M’bay concorda: “O Ponto de Cultura trouxe muito apoio e divulgação do nosso conhecimento cultural para a sociedade compreender o valor da sabedoria dos povos tradicionais”.

A organização também se preocupa em inserir jovens nos projetos para proporcionar a eles outras oportunidades e conhecimentos. “Quando conseguimos incluir jovens nos projetos, é nítido como eles alçam um voo e atingem outro patamar. Colaboramos para uma transformação social na vida dessas pessoas, que passam a se compreender dentro de processos autônomos de empoderamento e começam a desenvolver seus próprios caminhos. Muitos foram para a universidade e para a área cultural”, frisa Fernando Oliveira.

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