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Publicado em 9/04/2021 - 6:54 am em | 0 comentários

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Homicídios crescem 4,5% no estado de SP, apura Instituto Sou da Paz

Redução de casos nas cidades da Baixada Santista

Homicídios crescem 4,5% no estado de SP, apura Instituto Sou da Paz

2020 foi o primeiro ano desde 2012 no qual houve aumento de vítimas de violência letal no estado de São Paulo, com crescimento de 4,5% no índice de homicídios dolosos em relação a 2019. No ano passado, foram registradas 4.187 vítimas, cerca de 11 pessoas mortas por dia no estado. O aumento dos homicídios dolosos, em queda desde 2013, se concentrou principalmente nos municípios da Grande São Paulo, que registraram crescimento de 13,5% em 2020 em comparação com o ano anterior.

Nas demais categorias de crimes violentos (roubo, roubo de veículo, extorsão mediante sequestro, latrocínio e estupro), 2020 se destacou pela queda dos índices em relação ao ano de 2019.

Os dados constam no Boletim Sou da Paz Analisa que analisou as estatísticas criminais da secretaria da Segurança Pública do estado São Paulo (SSP/SP) e das Corregedorias das Polícias Civil e Militar do estado.

Segundo o boletim, 2020 apresentou aumento das taxas de vítimas de homicídios dolosos nas três macrorregiões do estado de São Paulo. Seis regiões paulistas apresentaram um aumento em suas taxas de homicídios, principalmente o Deinter 4, que abrange as cidades da região de Bauru, e o Deinter 9, que abrange as cidades da região de Piracicaba.

As maiores quedas nas taxas de homicídio ocorreram no Deinter 2, região de Campinas, e no Deinter 6, que abrange os municípios da região de Santos.

Já a letalidade policial apresentou grande variação ao longo de 2020. O primeiro semestre registrou alta no número de mortes provocadas por policiais em serviço. No entanto, o segundo semestre apresentou intensa redução resultando num total anual de 39 vítimas a menos em relação ao ano de 2019.

Das 4.065 mortes violentas intencionais no estado, 844 (39 vítimas a menos que em 2019), foram cometidas por policiais dentro ou fora de serviço, ou seja, uma participação de 21% das polícias na letalidade violenta do estado.

Isso significa que os policiais paulistas mataram uma média de 2,3 pessoas por dia no decorrer de todo o ano. Por um lado, houve a queda no número de pessoas mortas por policiais em serviço, com 51 vítimas a menos, uma redução de 6,9% em relação ao ano de 2019, que havia se destacado pela alta letalidade policial em serviço. No entanto, as Polícias Civil e Militar de São Paulo mataram fora de serviço 159 pessoas em 2020, ou seja, 12 mortes a mais que no ano anterior.

Na capital, as polícias respondem por 35% das mortes violentas intencionais da cidade de São Paulo. Em 2020 mais policiais morreram no estado em relação a 2019 – foram 49 em 2020 e 36 em 2019. Segundo o boletim, novamente a capital se destaca por ter sido o município onde os policiais paulistas mais morreram. Assim, o município onde a polícia mais mata é também onde ela mais morre.

“É preciso entender a dinâmica do uso da força policial na cidade de São Paulo, que concentra mais mortes praticadas por policiais e mais policiais mortos, num ano de pandemia”, ressalta Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz.

Os crimes contra o patrimônio, especialmente os roubos (outros) e roubos de veículos, tiveram sua maior redução percentual em um ano desde o início da série histórica. O crime de roubo (outros) – todos os roubos, excluídos os de veículos – teve uma redução de -14,3% no estado como um todo, e de -24% nos municípios do interior. Os roubos de veículo tiveram uma redução ainda mais intensa, de -31% em 2020 em comparação com 2019.

O crime de estupro apresentou forte tendência de crescimento no estado entre 2015 e 2019. No entanto, 2020 trouxe redução significativa de -10,9% nas ocorrências de estupro em comparação com o ano anterior.

A capital registrou 2.318 ocorrências de estupros em 2020, contra 2.663 estupros registrados em 2019, ou seja, uma redução de -12,9% e a maior queda dentre as três macrorregiões do estado.

O relatório ressalta que esta forte redução nas ocorrências de estupro em 2020, que apresentaram franco crescimento nos anos anteriores, pode representar não uma redução do crime em si, mas de sua notificação às autoridades policiais. O isolamento social e as medidas restritivas devido à pandemia de Covid-19 possivelmente dificultaram a descoberta e notificação destes crimes.

“Chama a atenção a redução vista nos registros de estupros, uma vez que este tipo de crime apresenta forte subnotificação e até 2019 apresentou crescimento. É preciso entender como o isolamento social provocado pela pandemia gerou mais dificuldades em comunicar às autoridades a ocorrência desse tipo de crime”, comenta Carolina.

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