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Publicado em 25/04/2019 - 7:59 am em | 0 comentários

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Estado de São Paulo poderá ter reconhecido mais um bem cultural

Forró como Patrimônio Cultural na “Capital do Nordeste”

Estado de São Paulo poderá ter reconhecido mais um bem cultural

São Paulo é constante anfitrião de migrantes de diversas regiões do Brasil, o que lhe valeu, nos meados da década de 50, ser carinhosamente chamado por Luiz Gonzaga como a “Capital do Nordeste”. Essa migração também trouxe toda a riqueza cultural da região que dentre os sabores e sotaques, está também o forró, forma de expressão que poderá render a São Paulo mais um título de Patrimônio Cultural do Brasil. É que o Estado é um dos contemplados na pesquisa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que investigará a complexidade das Matrizes Tradicionais do Forró, sendo uma das etapas do processo de registro para avaliação do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.

Na capital, é possível vivenciar a música do forró de raiz em diversos bairros, como Pinheiros, Vila Mariana, Lapa, Aclimação, Brás, seja em casas de show ou no meio da praça, herança de grandes mestres fizeram desta capital sua morada, a exemplo de Dominguinhos, além daqueles que vivem e compartilham essa forma de expressão da cultura popular brasileira, como a cantora Anastácia. “Podemos dizer que, principalmente em nossa capital, se vive uma ‘síntese’ da cultura nordestina, cuja contribuição cultural através das décadas tornou-a parte integrante da identidade e do fazer cultural da sua população”, destaca Isabel Santos, coordenadora do Fórum Forró de Raiz, de São Paulo.

A pesquisa sobre as Matrizes do Forró realizada pelo Iphan terá como marco o Seminário Forró e Patrimônio Cultural a ser realizado entre 8 a 10 de maio, das 9 às 18 horas, no Museu Cais do Sertão, Paço do Frevo, e Sala de Reboco, em Recife/PE. O evento gratuito aberto ao público – com inscrições abertas – marca o início do processo de pesquisa que investigará a complexidade das Matrizes Tradicionais do Forró e reunirá forrozeiros, artistas, músicos, artesãos, e dançarinos, além de gestores públicos e culturais, produtores e pesquisadores de todo o Nordeste e de Estados com forte presença nordestina, que há décadas acolhem e ajudam a fortalecer as Matrizes Tradicionais do Forró, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Espírito Santo.

E para que o dossiê resultante da pesquisa contemple a história, os atuais desafios e as perspectivas de continuidade das práticas sociais que formam as Matrizes Tradicionais do Forró, o Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI/Iphan) buscará a participação ativa das comunidades e atores sociais que mantém viva a tradição no país. O espaço promoverá trocas de experiências sobre o que consideram importante para o reconhecimento e a continuidade dessa forma de expressão tão representativa da cultura brasileira. “Esse seminário é de extrema importância para o forró como forma de expressão por falar de maneira tão profunda da cultura nordestina e que vem se renovando no tempo, mantendo-se como força viva da disseminação pelo Brasil e pelo mundo”, destaca o diretor do DPI, Hermano Queiroz.

Na pauta estão debates importantes para a compreensão do forró como um patrimônio cultural a exemplo da valorização e sustentabilidade da manifestação; das ações de preservação; de políticas públicas, dentre outros. A programação buscará também compreender as formas de transmissão dos saberes relacionados, por meio de oficinas e aulas dos mestres sobre os diferentes instrumentos musicais, os ritmos e as danças que constituem as matrizes do forró. Haverá também espaços para apresentações e interações musicais entre músicos e dançarinos por meio de palcos abertos e um show de encerramento especial na tradicional casa de forró recifense, Sala de Reboco, que reunirá os participantes do seminário na noite da sexta-feira, 10 de maio, e será aberto ao público.

A pesquisa se estenderá até meados de 2020 e resultará no dossiê de registro a ser analisado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural que deliberará se o bem receberá o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.

Em setembro de 2011, a Associação Cultural Balaio do Nordeste encaminhou ao Iphan o pedido de registro das Matrizes Tradicionais do Forró como Patrimônio Cultural do Brasil. Desde então o Instituto buscou, em parceria com a Associação, o Fórum Nacional Forró de Raiz e outras instituições parceiras, incentivar encontros, fóruns e audiências públicas para discutir o processo de reconhecimento, abordando os potenciais, significados e limites da política de Patrimônio Cultural. As diretrizes apontadas no Encontro Nacional para Salvaguarda das Matrizes do Forró, ocorrido em João Pessoa/PB em setembro de 2015, são o fundamento para a pesquisa a ser realizada pela Associação Respeita Januário em cooperação com o Iphan.

Para que um bem seja registrado pelo Iphan é necessário possuir relevância para a memória nacional, continuidade histórica e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. Dentre os patrimônios imateriais inscritos no Livro do Registro das Formas de Expressão estão as Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, o Tambor de Crioula do Maranhão, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano e o Frevo.

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