Edição 351Abril 2024
Quarta, 24 De Abril De 2024
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Publicado na Edição 305 Junho 2020

Acervo FAMS

Pioneiros da patinação artística

Herbert e Leonor: muitas alegrias proporcionadas pela vida dedicada ao esporte

Pioneiros da patinação artística

Leonor e Herbert Tort, responsáveis pela introdução da patinação artística na cidade de Santos, gravaram depoimento ao Programa Memória-História Oral no dia 4 de março 2020 nas dependências do Museu De Vaney, mantido pela Secretaria Municipal de Esportes de Santos e parceiro do programa. Na entrevista o casal conta sobre sua vida no país natal, o Uruguai, suas experiências pioneiras na patinação e as dificuldades e muitas alegrias proporcionadas pela vida dedicada ao esporte.

Nascido em 10 de setembro de 1927, em Montevidéu, no Uruguai, Herbert Hugo Tort Laureiro chegou a Santos como cônsul honorário do país natal. Uma carreira construída em cima dos patins: Tort integrou a seleção uruguaia de patinação artística nos anos 1950, e entre idas e vindas ao Brasil acabou ficando em Santos, nos anos 1960. Alternando o trabalho no consulado com a produção de espetáculos de patinação, Tort introduziu aqui as águas dançantes, sistemas de luzes e fontes aquáticas programadas de acordo com a coreografia.

Sua mulher, Leonor, nasceu também em Montevidéu, em 29 de junho de 1940. Veio para o Brasil nos anos 1970, e foi uma das primeiras professoras de patins no Clube Internacional de Regatas, em Santos. Lembra do Uruguai situado em um tempo distante: “A maioria das pessoas que saiu de lá foi para tentar uma vida melhor fora, ganhar mais. E foram tantos que hoje se acredita que a população uruguaia no exterior é maior do que no próprio país”. Hoje o país está em uma situação econômica bem melhor, acrescenta Herbert Tort: “Embora um peso uruguaio valha centavos de real, o custo de vida lá é baixo, e a distribuição de renda é boa. Não há analfabetismo no Uruguai”, orgulha-se o pioneiro.

Uma das melhores memórias de Tort remete ao dia 16 de julho de 1950. Ele se lembra bem daquela tarde, depois que o árbitro inglês George Reader apitou o fim de Uruguai 2 X Brasil 1, na final da Copa do Mundo de 1950: “Estávamos ouvindo no rádio. Aos poucos, as pessoas foram saindo das casas e se abraçando nas ruas. Sem ninguém combinar nada, foram todos indo para a Avenida 18 de Julho comemorar”. Era o Uruguai sagrando-se campeão do mundo de futebol pela segunda vez e em pleno Maracanã. “Foi fantástico”, emociona-se Tort.

Atualmente Herbert Tort não dá mais aula, mas observa os treinos da neta Maria Clara Tort, filha de Dani Tort, que também patinou e é professora da modalidade nos clubes Tumiaru, de São Vicente, e Portuários, de Santos. Sem dúvida ela é uma das melhores pessoas para falar do pai, homenageado com a criação da Copa Herbert Tort de Patinação Artística, que já conta com várias edições: “A Copa foi organizada com muito carinho e amor em homenagem ao ‘cara’! Ao homem que talvez poucas pessoas tiveram o privilégio de conviver e aproveitar seus ensinamentos, dentro e fora da quadra. Ao incentivador do esporte, que deixou seu país para se aventurar no ‘estrangeiro’ para fazer o que mais amava: dar aula de patinação. Tenho certeza que meu pai, não só em Santos, mas no Brasil e no seu país Uruguai, possui admiradores. Quem viu e presenciou meu pai patinando, tem sempre a lembrança do homem inovador e criativo. Ele sabia, e muito, cativar e conquistar seus alunos. Espero ter aprendido um pouquinho com ele, e com muito amor e respeito ao próximo”.

A entrevista completa de Leonor e Herbert Tort está no canal oficial do Programa Memória-História Oral no Youtube, em www.youtube.com/c/programamemoriahistoriaoral

Conheça o trabalho desenvolvido pela Fundação Arquivo e Memória de Santos: acesse o site www.fundasantos.org.br

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