Edição 350Março 2024
Sábado, 20 De Abril De 2024
Editorias

Publicado na Edição 316 Maio 2021

Casa da Mãe Joana

Luiz Carlos Ferraz

Relaxe, você está na Casa da Mãe Joana. Aqui a vacina está proibida, não é obrigatório o uso de máscara e a aglomeração faz parte do pacote. Aliás, no mês dos namorados, o deboche com a vida está liberado aos casais, com tratamentos que incluem cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina à vontade (a aplicação retal do ozônio é opcional) e carreata na festa de despedida… Não, a gestão da Casa da Mãe Joana não merece arrancar sequer um sorriso. Na real, ela não tem a mínima graça neste momento de tragédia, quando o país caminha para meio milhão de mortos pela Covid-19. Não é hora de tripudiar ainda mais com o genocídio. Pelo contrário. A expectativa, em meio à proliferação de pedidos de impeachment do presidente da República, é que a maior crise sanitária da história que o Brasil já enfrentou seja passada a limpo na CPI da Pandemia – a Comissão Parlamentar de Inquérito em curso no Senado Federal que investiga omissões e irregularidades na condução da saúde pública. Até este momento, os depoimentos têm confirmado o que desde o início a Imprensa denuncia de forma reiterada. Depoimentos bizarros, sendo o mais chocante deles, o do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O general de Exército compareceu escorado num habeas corpus que serviu de salvo-conduto para mentir descaradamente e impedir sua prisão em flagrante. O presidente Jair Bolsonaro tem que depor na CPI da Pandemia. O Brasil não é a Casa da Mãe Joana, ainda que isto frustre alguns.

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